De acordo com a consulta nacional aos bancários 2024, realizada com quase 47 mil trabalhadoras e trabalhadores em todo o país, 71% da categoria respondeu ter alguma dívida, 46% com cartão de crédito; 62% responderam ter, pelo menos, uma dívida em atraso, 30% duas dívidas. Por isso, 93% apontaram como prioridade na consulta o aumento real, 63% aumento da PLR e 51% aumento do VA e VR. Essa é a realidade da categoria bancária.
Enquanto isso, o lucro líquido dos maiores bancos do Brasil cresceu 169% acima da inflação entre 2003 e 2023. Somente no 1º trimestre de 2024, o lucro dos cinco maiores bancos do país cresceu 15,2%, totalizando R$ 29,2 bilhões. Entre 2003 e 2023, as receitas de tarifas cresceram 120% em termos reais e as despesas de pessoal, 52%. Desde 2017, as despesas de pessoas dos bancos caíram 10% em termos reais e hoje, essas despesas estão em nível menor do que em 2011. Em 2023, a média de cobertura das despesas de pessoal com as receitas de tarifas foi de 127%, ou seja, deu para pagar a folha de pagamento e ainda sobrou 27%. Essa é a realidade dos banqueiros.
Mesmo assim, em negociação realizada dia 7/8, sobre remuneração da categoria bancária (precedida de preparatória com apresentação do Dieese sobre o tema remuneração no setor financeiro), a Fenaban falou de aumento de concorrência no setor, diante do surgimento de novas instituições de pagamento. Disse ainda que essa concorrência coloca o setor bancário em risco no país e sugeriu propostas que poderiam precarizar direitos e rebaixar os salários.
“Os bancos ficam chorando de barriga cheia, o que parece até um absurdo, porque todo mundo sabe da lucratividade sucessiva dos bancos, ano após ano. Nós apresentamos dados que mostram a diferença de situação dos bancários e da situação dos bancos. O comportamento da remuneração média somado à redução do emprego na categoria levou a uma queda na massa salarial real do setor de 16% desde 2014. Enquanto a remuneração média real dos bancários subiu 16%, o lucro líquido real dos bancos subiu 170%. Não dá para ficar chorando na mesa de negociação”, destacou o presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, José Eduardo Marinho.
“No próximo dia 13/8 estaremos nos reunindo novamente com a representação dos banqueiros para continuar os debates sobre remuneração. Esperamos que os banqueiros reconheçam a situação da categoria e tragam propostas concretas para valorizar os bancários, que são os principais responsáveis pela sucessiva lucratividade dos bancos. Está na hora de dividir o bolo e mostrar reconhecimento ao trabalho da categoria. Vamos nos mobilizar por valorização e mostrar a nossa força na mesa de negociação”, enfatizou o presidente da Fetrafi/NE, Carlos Eduardo.
Fonte: SEEB/CE com informações do Dieese