Bancários do Ceará protestam contra desmandos do BB

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   O Sindicato dos Bancários do Ceará esteve durante a manhã da quarta-feira, 20/2, em frente à sede da Superintendência Estadual do Banco do Brasil, em Fortaleza, protestando contra os desmandos da direção do banco, principalmente o plano de funções, recentemente implantado pelo BB de forma unilateral e sem qualquer negociação com a representação dos funcionários.


O protesto fez parte do Dia Nacional de Luta, orientado pela Contraf-CUT e Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil, para denunciar o ataque aos direitos dos trabalhadores. A Contraf-CUT acionará o Ministério Público do Trabalho questionando a redução de direitos dos trabalhadores com a implantação do novo plano.


“O rosário de desmandos é enorme: é assédio moral, é pressão por cumprimento de metas abusivas, é descomissionamento irregular. Trabalhar no Banco do Brasil está se transformando num verdadeiro inferno”, denuncia o diretor do Sindicato e funcionário do BB, Bosco Mota.


Plano de Funções – Todos os comissionados considerados de Função de Confiança (FC) foram migrados compulsoriamente, unilateralmente. Já o chamado público-alvo da Função Gratificada (FG) tem a opção de migrar para as novas funções de 6h com remuneração 16,25% menores que as antigas de 8h, a qualquer momento, ou permanecer na função de 8h em extinção.


O presidente do SEEB/CE, Carlos Eduardo Bezerra, ressaltou que o BB admitiu a toda a sociedade brasileira que existem hoje no banco mais de 20 mil funcionários com jornada ilegal. “Essa confissão só aconteceu por conta da pressão do funcionalismo que para poder fazer os resultados alcançados pelo banco estão precarizando até sua saúde e suas condições de trabalho”, relata.


Segundo ele, desde o início de 2000, o Sindicato vem denunciando problemas de extrapolação de jornada de trabalho dentro do Banco do Brasil. “A jornada do bancário é de seis horas conquistada com muita luta por toda a categoria e o banco tem obrigação de cumprir essa jornada sem redução de salário”, enfatizou.


Sobre o plano de funções, Carlos Eduardo destaca ainda outro viés: a precarização do atendimento à sociedade e das condições de trabalho. “O banco pegou cerca de 22 mil trabalhadores que trabalhavam oito horas, colocou para trabalharem por seis horas, reduziu o salário desses funcionários e essas 40 mil horas que ficam em defasagem não vão ser cumpridas por ninguém, porque o banco diz que não vai ampliar seu quadro, prejudicando o atendimento à população e sobrecarregando o bancário”.


Por fim, o presidente do Sindicato do Ceará chamou a direção do BB à sua responsabilidade. “O banco senta numa mesa de negociação com os trabalhadores, assina um acordo coletivo e uma semana depois começa perseguição contra grevista, suspende contratações e por fim, lança esse plano de funções absurdo que só prejudica o trabalhador. Isso sem falar na pressão por metas, nos descomissionamentos irregulares, no assédio moral etc. Nem banco privado se porta assim, imagine uma instituição que teoricamente deveria contribuir para o fomento do País. Se a situação não melhorar nós iremos radicalizar, vamos parar agência, vamos atingir o banqueiro onde mais dói: que é o seu lucro, o seu cofre”, disse.


Bom pra poucos – O diretor do Sindicato, Alex Citó, lembrou a campanha de mídia do Banco do Brasil que quer mostrar diariamente na TV um BB “Bom pra todos”. Para ele, a campanha é enganosa. “Infelizmente temos que vir aqui denunciar isso. Não é com desrespeito, metas abusivas e cobranças absurdas que se constrói um banco bom pra todos. Essa postura da gestão está completamente equivocada. Para se construir um banco realmente bom pra todos há que se respeitar os funcionários também, que não vêm sendo valorizados como se devem, mas que deveriam ser visto como o grande patrimônio dessa instituição”.


Gestão temerária – Já o diretor do SEEB/CE e funcionário do BB, José Eduardo Marinho, destacou que atitudes irresponsáveis como essas que a direção do BB vem tomando, principalmente referente ao novo plano de funções, vêm gerando um montante absurdo de passivos trabalhistas. “O passivo que o banco vem criando com seus funcionários vem crescendo ano a ano. Em 2011, ele já passava de R$ 1,5 bilhão que está sendo tirado de cada trabalhador do País, porque esse banco é público. A previsão em 2012 para esse mesmo passivo chega a R$ 2 bilhões, retirados da sociedade e criados por esses executivos que estão praticando uma gestão totalmente temerária que pode levar esse banco a uma situação muito séria”.