Segundo levantamento do Ministério Público do Trabalho (MPT), das 3 mil denúncias realizadas em 2013 sobre assédio moral, 30% foram de bancos. De 2012 para 2013, o número de acusações aumentou 7,4%. O ritmo de expansão do assédio moral no Brasil é maior do que o apontado pelo MPT, de acordo com levantamento interno feito pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
Segundo a Confederação, em 2011, 29% dos trabalhadores do setor pediram o fim do assédio moral. Em 2012, o número aumentou para 31%. Em 2013, para 58% – de um total de 37 mil entrevistados. Ou seja, o índice dobrou de 2011 para 2013. A pressão é um dos motivos que leva os bancários a se sentirem humilhados. São obrigados a fazer hora extra e quando não podem trabalhar além do horário, os superiores falam que tem pouco comprometimento e argumentam que há muitos profissionais disponíveis no mercado de trabalho.
Metas versus lucro dos bancos – Paralelamente à cobrança por metas, o setor bancário extinguiu 10 mil postos de trabalho em 2013, segundo estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Apesar do enxugamento no quadro de funcionários, o lucro líquido dos bancos cresceu R$ 1 bilhão em relação a 2012, atingindo R$ 60,6 bilhões em 2013, informa o Banco Central.
Saúde – Casos de assédio moral não agridem apenas a integridade do funcionário, mas também podem causar danos à saúde física e mental do profissional, alerta Maria Maeno, médica da Fundacentro, do Ministério do Trabalho. “As vítimas de humilhação podem ter desde mal estar e depressão, até problemas gástricos, hipertensão e anorexia. O tratamento deve ser feito com psiquiatra, medicamentos e psicólogo, e pode levar anos”, disse a médica. Olhar para o trabalho de forma negativa é o primeiro sinal de que algo não está certo. “A tendência de quem sofre assédio moral é ter repulsa ao trabalho. Não querer se imaginar mais dentro da empresa”, afirma.
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“O mais grave é que o bancário, vítima de assédio moral, não adoece sozinho. De uma forma ou de outra a família é envolvida e acaba sofrendo junto com o bancário”
Eugênio Silva, secretário de Saúde do Sindicato dos Bancários do Ceará