Cultura da recusa para combater o capitalismo

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No último dia 3/7, a secretaria de Formação do Sindicato dos Bancários promoveu mais um encontro do Grupo de Estudos Sócio-Políticos. Os bancários debateram o segundo momento da palestra “Mundialização do Capital e seus Impactos no Mundo do Trabalho: Desafios para a Luta Sindical”, com a socióloga Alba Pinho de Carvalho.


Alba enfatizou a necessidade de entender o momento do capital para compreender os desafios do sindicalismo. Segundo ela, o capital não é só um modelo de produção, mas um modo de organizar a vida de forma a criar uma “civilização de descartáveis”. Dessa forma, o capital busca separar os trabalhadores de seus produtos e até separar os trabalhadores entre si, criando uma dissociação da vida social.


“O capital corrói a sua própria base de sustentação e torna o trabalhador supérfluo. Substitui o trabalho vivo de homens e mulheres pelo trabalho ‘morto’, das máquinas, gerando desemprego em massa. Isso deu um grande choque no movimento sindical – um imenso contingente de desempregados e de trabalhadores preocupados somente em manter seus empregos”, disse.


A socióloga ainda defende profundas mudanças no sindicalismo atual, com a implantação na classe dos trabalhadores do que ela chama de “cultura da recusa”. É preciso fazer com que o trabalhador recuse a cultura do descartável, que o isola, criando uma “hegemonia às avessas”. “O governo Lula conseguiu uma coisa que os anteriores não conseguiram: gerenciar a pobreza. Mas as pessoas ainda têm aquele pensamento de preferirem ser exploradas a perder sua fonte de renda”, afirmou.


E completou: “Sindicato hoje não pode mais viver mais só de campanha salarial. Deve ser escola de formação política, re-criar um novo sindicalismo e buscar transformar a sociedade”.