O 8 de Março – Dia Internacional da Mulher sempre traz reflexões sobre o papel da mulher na sociedade. Hoje em dia, apesar das desigualdades salariais, discriminações e violência que, infelizmente, ainda existem, podemos ver a mulher ocupando seu espaço e cada vez mais presente em todos os setores. A eleição da presidente Dilma Roussef foi um marco para provar que a mulher pode estar em todos os lugares.
A Constituição Federal de 1988 assegura em seu Capítulo I – Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – que “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”, mas a realidade da mulher, seja no convívio social, na família ou no seu trabalho, é a luta diária para conquistar o seu espaço.
Hoje, a mulher já conquistou seu espaço em muitos setores de trabalho, porém, mesmo já tendo galgado inúmeros e importantes degraus na ocupação desse mercado, a mulher ainda tem de lutar contra as discriminações relativas ao seu sexo.
Entretanto, enquanto a mulher ainda ganha menos pelo mesmo trabalho do homem; enquanto mais que 50% das mulheres brasileiras são vítimas de violência em casa, não há razão para celebrar. Assim, 8 de Março é um momento de lutar e não mais aceitar a violência à cidadania e aos direitos femininos.
Dentro dos sindicatos, a mulher também vem ampliando seus espaços, inclusive com algumas mulheres comandando sindicatos de bancários importantes, como São Paulo, Pernambuco e Pará.
“A classe trabalhadora é composta por homens e mulheres. E há diferenças. Entre os maiores desafios estão conseguir igualdade salarial, oportunidade de mudar essa realidade. No movimento estão sub-representadas. É importante que elas participem e ajudem a representar a sociedade refletindo sua cara e anseios”, analisa Juvandia Moreira, funcionária do Bradesco e presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
Já a empregada da Caixa Econômica e presidente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Jaqueline Melo, acredita que a mulher vem a cada dia vencendo novos desafios. “Para quem não tinha sequer direito ao voto há 80 anos, hoje temos uma mulher na presidência da República. Mas ainda há um longo caminho de luta para conquistarmos, de fato, a igualdade entre os sexos. E o Sindicato é uma das bases desta luta pela liberdade de viver sem os padrões de opressão baseados no gênero. Por isso, bancária, venha para o Sindicato e ajude a construir um mundo mais justo e igualitário”, convoca.
A funcionária do Banco do Brasil e presidente do Sindicato dos Bancários do Pará, Rosalina Amorim, enfatiza que a mulher vem ampliando a cada dia seu espaço, mas ainda há muito o que conquistar. “As mulheres estão cada vez mais ocupando cargos de liderança não apenas no mercado de trabalho, mas também nos espaços de poder. Mas ainda há muita desigualdade e preconceitos contra a mulher em nossa sociedade. Por isso, é fundamental a participação da mulher na vida sindical, pois é assim que podemos mudar ativamente a realidade do mundo do trabalho em nosso favor”, avalia.
A mulher bancária – Nos bancos, as mulheres ocupam 48,48% do total de postos de trabalho, totalizando 234.203 trabalhadoras, segundo levantamento da subseção do Dieese na Contraf-CUT, feito com base em dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego. Nos bancos públicos, as mulheres representam 42,97% dos empregados e, nos bancos privados, são maioria entre o total de trabalhadores (53,05%).
As mulheres que trabalham nos bancos têm maior escolarização do que os homens: 71,67% têm curso superior completo, contra 66,52% dos trabalhadores do sexo masculino.
Apesar de mais escolarizadas, as mulheres ganham em média 24,10% a menos que os homens, de acordo com levantamento do Dieese. Nos bancos privados, a disparidade de salários de mulheres e homens é maior. A remuneração das mulheres nos bancos privados é 29,92% inferior à dos homens, enquanto, nos bancos públicos, a diferença salarial média entre homens e mulheres é de 15,25%.
As mulheres são maioria nas faixas de idade entre 17 e 39 anos. A partir dos 40 anos, tornam-se minoria. Os dados revelam que os homens chegaram ao final de três décadas ocupando cerca de 17 mil vagas, quase o triplo dos 6 mil postos de trabalho das mulheres com mesmo tempo de casa. A saída precoce de mulheres dos bancos pode ser reflexo tanto da dificuldade de obterem promoções e de terem acesso a cargos de maior prestígio e remuneração, quanto da preferência dos bancos pela presença de jovens em seu quadro de funcionários.
A discriminação em relação à mulher negra é ainda maior, pois ela sequer tem acesso ao emprego na mesma proporção que outros setores. Nos bancos, apenas oito em cada grupo de 100 trabalhadoras são negras, de acordo com Mapa da Diversidade de 2009.
História – No dia 8 de Março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, em Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho. A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas num ato totalmente desumano. Porém, somente em 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de Março passaria a ser o “Dia Internacional da Mulher”, em homenagem às mulheres que morreram na fábrica em 1857. Entretanto, apenas em 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas).