A necessidade de organização política da classe C

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O movimento sindical comemorou nos últimos dias uma boa notícia: a classe C já chega a 54% da população e tem uma renda média de R$ 1.450,00. Foram 2,7 milhões de brasileiros e brasileiras saindo das classes D e E em 2011. A pesquisa – realizada anualmente em 13 países – é da financeira do grupo francês BNP Paribas, a Cetelem, em parceria com o instituto Ipsos. O conceito de renda do estudo foi elaborado com base no nível de instrução do chefe de família e posses como eletrodomésticos e veículos.


Esse público que passa a comprar mais também procurar ter conhecimento mais aprofundado sobre seus direitos enquanto consumidor. O aumento do poder de compra reforça o sentimento de dignidade dos trabalhadores e trabalhadoras. Agora é menos penoso comprar uma roupa nova para o filho ou obter crédito para adquirir uma geladeira nova, por exemplo.


No entanto, a dignidade não advém apenas do “ter”, do “consumir”. É preciso organização social para que o sentimento de “ser” enquanto cidadão seja de fato uma realidade. Não basta ter dinheiro, é preciso ter consciência política. A classe C não deve ficar reduzida apenas a um estrato econômico, deve, sim, unir-se enquanto classe que luta por melhorias sociais.


Somente com essa consciência conquistaremos bandeiras importantes, como, por exemplo, o trabalho decente nos setores público e privado. Os filhos de trabalhadores e trabalhadoras precisam de uma educação de qualidade e qualificação profissional. É preciso fortalecer políticas públicas para dar a primeira oportunidade de emprego aos jovens do nosso País.


Nosso ideal enquanto entidade de luta da classe trabalhadora é participar dessa organização política enquanto sindicatos. Essas unidades reunidas têm mais voz junto aos poderes constituídos e à população. Por sua vez, suas reivindicações por melhorias ecoam com mais facilidade. A CUT, no País inteiro e no Ceará, quer garantir que nenhuma voz – principalmente as mais oprimidas – seja abafada.

Jerônimo do Nascimento – Presidente da CUT-CE