A violência como abuso de autoridade

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O tema da Violência foi recentemente debatido neste Sindicato. O Professor César Barreira (UFC) fez um roteiro teórico, com considerações sobre as práticas, em torno do tema. Devido à riqueza da exposição, o evento foi gravado em DVD e estará em breve disponível para quem tenha interesse. Enfocamos, a seguir, um ângulo da Violência.

A violência como abuso de autoridade é uma prática recorrente no mundo – não é, pois, uma exclusividade brasileira. Quem acessar o You Tube poderá ver, por exemplo, o vídeo que mostra policiais de Los Angeles espancando William Cardenas, membro de uma gangue que apanha sem nenhuma necessidade.

Aqui no Ceará, já em 2007, três episódios expuseram, no mínimo, a falta de controle emocional de alguns policiais em lidar com civis. PMs atingiram gravemente um vigilante com chutes na cabeça (os vigilantes exerciam o direito de greve) e, da mesma forma, agrediram um suposto torcedor preso após o clássico Ceará e Fortaleza (11/2). Por último foi a vez do capitão Daniel Gomes Bezerra no episódio do assassinato de dois médicos-residentes, em Iguatu.

A violência como abuso de autoridade é um elemento cultural brasileiro e estrutural de nossas instituições e autoridades e se volta principalmente contra os mais pobres, mas pode atingir qualquer cidadão. Os policiais cearenses, segundo o Secretário Roberto Monteiro, vão passar por teste de agressividade e, segundo ele, sairão para as ruas apenas os que tiveram condição física e psicológica para tanto. É uma resposta mínima para um problema de grande monta.

A sociedade civil – aturdida com violência de tantos naipes – sabe que a solução do problema passa pela formação adequada dos policiais, por políticas sociais, por uma polícia valorizada e “inteligente” e passa necessariamente pela constituição um movimento formador de uma cultura de paz aonde haja espaço para manifestações de encontro e alegria de todos e não de lamento e dor de muitos – que é o que vemos, neste momento.