Afinal, o que muda com a TV Digital?

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Com estréia marcada para o dia dois de dezembro, com transmissão apenas para São Paulo, a TV Digital do Brasil ainda é uma incógnita para muita gente. Apesar de várias polêmicas sobre o tema, a grande maioria da população brasileira parece não entender como seu cotidiano será afetado com essa mudança.


A tecnologia permite a convergência da televisão com o computador. Em 2006, o governo Lula optou pelo modelo japonês de transmissão, o ISDB. No entanto, segundo relatório do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), a escolha do governo brasileiro por esse padrão significa um custo maior para os telespectadores. De acordo com o relatório, os conversores (aparelhos que serão usados para que aparelhos analógicos recebam sinais digitais) terão preço de venda maior, já que se optou pelo modelo japonês.


Para receber freqüência digital, o telespectador precisará de um aparelho com set-top box (conversor) avulso ou embutido. Se quiser a imagem mais nítida possível, de 1.080 linhas horizontais, terá de comprar um televisor do tipo Full High Definition. Os preços para este tipo de eletrodoméstico começam na casa dos R$ 7 mil, sem set-top box acoplado. O set-top box, decodificador que receberá o sinal tanto para TVs analógicas quanto digitais, terá preço oscilante entre R$ 200,00 a R$ 800,00.


Além disso, representantes da Frente Nacional por um Sistema Democrático de Rádio e de TV Digital alegam que a escolha não vai permitir a tão sonhada democratização da comunicação. “Ela significa a morte do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD), cuja proposta inicial baseava-se em princípios como a democratização da comunicação, a promoção da diversidade cultural, a inclusão social, o desenvolvimento da ciência e da indústria nacionais e que implicou em investimentos de R$ 50 milhões na formação de 22 consórcios de universidades brasileiras, envolvendo 1.500 pesquisadores”.


Segundo o jornalista e editor da revista Debate Sindical, Altamiro Borges, as três alternativas de modulação para a digitalização desenvolvidas no Brasil garantiam “um inédito processo de democratização dos meios de comunicação, com a multiplicação dos canais de TV, o emprego de milhares de trabalhadores e uma maior autonomia tecnológica, entre outras vantagens”. No entanto, optou-se por outro modelo.