AGLOMERAÇÃO DE PESSOAS NAS AGÊNCIAS É FRUTO DA FALTA DE INFORMAÇÃO DO BOLSONARISMO

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Um dia após a decretação de pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS), os bancários conquistaram, junto à Fenaban, a criação de um comitê de crise bipartite para tratar de pendências referentes a esse período grave de insegurança sanitária em todo o mundo. Assim, já conquistamos várias medidas protetivas para a categoria e para a sociedade que precisa ir aos bancos, tais como, obrigatoriedade do uso de EPI’s, redução e escalonamento do horário de atendimento, envio do máximo possível de trabalhadores para home office, determinação de atividades essenciais a serem atendidas nas agências, entre outras demandas.


Entretanto, temos enfrentado um grande desafio no combate à disseminação do Covid-19: a aglomeração em frente às agências bancárias. O assunto começou a nos preocupar já com a chegada das datas de pagamentos de aposentados e pensionistas no final do último mês e se intensificou com o lançamento do programa de auxílio emergencial do governo federal. O tema nos leva a uma conclusão urgente: é preciso descentralizar o pagamento do Auxílio Emergencial.


O Sindicato dos Bancários do Ceará tem feito a sua parte e iniciou uma campanha de conscientização nas agências bancárias, enfatizando que as pessoas podem utilizar o aplicativo da Caixa ou telefone 111 e destacando a importância do isolamento social e do respeito às normas de segurança orientadas pelos órgãos de saúde para conter a disseminação do vírus.


Por sua vez, os órgãos públicos também estão preocupados que a aglomeração nas agências possa vir a agravar o quadro de saúde atual. Diante do grande volume de pessoas nas filas diariamente, o Ministério Público Estadual (MPCE) e o Ministério Público Federal (MPF) expediram recomendação para que Prefeitura de Fortaleza adote uma série de providências para evitar as aglomerações, como disponibilizar servidores/terceirizados para fiscalizar distanciamento mínimo de 1,5m entre as pessoas nas filas, criação de um canal de comunicação com as agências e criação de comitês para garantir aos servidores da Prefeitura os EPI’s necessários para executar a tarefa.


Mas a principal mensagem deixada por essa situação é a necessidade de descentralizar o pagamento do auxílio emergencial, concentrado unicamente na Caixa Econômica Federal. Essa proposta já está no Senado Federal e pode fazer com que o pagamento do benefício seja feito com mais eficiência, evitando aglomerações.


Os bancos públicos foram, são e sempre serão importantes instrumentos de desenvolvimento econômico e social, mas desde o golpe institucional de 2016, e ainda mais no governo Bolsonaro, essas instituições vêm sendo sucateadas e preparadas para a privatização, com planos de demissão voluntária, sem a devida reposição dos quadros, retirada de direitos etc. Hoje, transformados em agentes importantes para enfrentar a pandemia, bancos como a Caixa estão totalmente sobrecarregados. Mesmo assim, os empregados da Caixa têm atuado de forma heroica para atender a população da melhor maneira possível.


É importante destacar que algumas pessoas, simplesmente, não têm acesso à internet ou smartphone e vão sim procurar a Caixa em busca de informações para receber o auxílio que é fundamental para suas sobrevivências. E o governo não parece ter uma ação coordenada para solucionar o problema. É preciso descentralizar o atendimento, assim como estabelecer parcerias com os municípios para que as pessoas tenham acesso ao benefício sem causar mais um problema de saúde pública e sem aumentar o risco de contaminação.