Agosto de mobilizações

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O recente Congresso Nacional da CUT, o qual tivemos a honra de coordenar, apontou um caminho claro a seguir na luta contra a estagnação, a financeirização e a desnacionalização da nossa economia, mazelas que têm se agravado à medida em que o País patina no enfrentamento à crise que afunda as economias dos países capitalistas centrais.


Precisamos mais do que nunca de investimentos públicos para que o Estado retome o seu protagonismo e fortaleça a sua qualificação e capacitação, ao mesmo tempo em que cobre da iniciativa privada que faça a sua parte, com contrapartidas sociais aos recursos recebidos, e não apenas remeta seus lucros ao exterior. Nossa compreensão é que se conseguimos enfrentar e superar a crise de 2008, promovida a monstro invencível pela grande mídia, que chegou a ironizar as declarações do presidente Lula que a reduziu a uma “marolinha”. Naquela oportunidade, respondendo às pressões e propostas apresentadas pela CUT, o governo estimulou a população para que ampliasse o consumo, alavancando o crédito e apoiando fortemente a produção nacional, se contrapondo às teses neoliberais e privatistas de “ajuste fiscal”, arrocho salarial e redução de direitos.


Hoje, novamente, o País se vê na encruzilhada e, mais uma vez, dependerá da capacidade de mobilização e negociação do movimento sindical, articulado com os demais movimentos sociais, para que o governo acelere o passo e não tropece nas armadilhas dos setores que querem a implantação da pauta dos derrotados.


Mas então por onde devemos prosseguir? Na opinião dos cutistas, expressa num detalhado plano de lutas debatido e aprovado coletivamente, além da defesa da valorização salarial, precisamos focar em alguns pontos no próximo período: o combate à terceirização, que tem se revelado um crime contra os trabalhadores, mecanismo de arrocho salarial e precarização de direitos; a luta pelo Fim do Fator Previdenciário, para garantir que os trabalhadores e trabalhadoras consigam se aposentar enquanto ainda estiverem vivos e em condições minimamente dignas; a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução de salário; a defesa da educação pública de qualidade, garantindo a implementação do Piso Salarial Nacional do Magistério, o Plano de Carreira e os 10% do PIB para a educação; e a reforma agrária, com atualização dos índices de produtividade e uma política agrícola que fortaleça a agricultura familiar, responsável por mais de 70% dos produtos que vão à mesa dos brasileiros e brasileiras.


Como pudemos ver são grandes os desafios, mas ainda maior é a determinação e o compromisso da nossa militância para a superação dos problemas e a consolidação do nosso projeto democrático e popular. Por tudo isso, em agosto, vamos ocupar as ruas com grandes mobilizações. Este é o caminho.

Quintino Severo – secretário de Administração e Finanças da CUT Nacional