O presidenciável Geraldo Alckmin se encaixa perfeitamente nos planos políticos e eleitorais do Opus Dei na América Latina. Desde a sua chegada ao continente, nos anos 50, esta seita planeja ardilosamente a sua ascensão ao poder. O projeto só ganhou ímpeto com a onda de golpes militares na região a partir dos anos 60. Seguidores do Opus Dei presidiram ou assessoraram vários ditadores. Nos anos 90, com a avalanche neoliberal no continente, os tecnocratas fiéis a esta seita voltaram a gozar de prestígio. Agora, o Opus Dei torce e trabalha na “surdina” pela eleição de Geraldo Alckmin no segundo turno da sucessão presidencial.
Uma reportagem bombástica, publicada na revista Época em janeiro de 2006 e que depois desapareceu misteriosamente do noticiário da mídia, deu provas cabais de que o atual presidenciável Geraldo Alckmin é um fiel seguidor desta organização de cunho fascista.
“Alckmin é um dos políticos brasileiros com ligações mais estreitas com a Obra. Um popular sacerdote do Opus Dei, o padre José Teixeira, foi seu confessor. Nos últimos anos, Alckmin tem recebido formação cristã no Palácio dos Bandeirantes de um influente numerário, jornalista Carlos Alberto Di Franco”.
A conversão na ditadura – segundo a reveladora matéria escrita por Eliane Brum e Ricardo Mendonça (Revista Época), a reunião semanal do Opus Dei “é chamada informalmente de Palestra do Morumbi, numa alusão ao bairro onde se localiza a sede do governo. Alckmin e um grupo de empresários, advogados e juristas recebem preleções de cerca de 30 minutos… Um dos participantes do encontro, o desembargador aposentado e professor de direito da USP, Paulo Fernando Toledo, diz que o governador tucano é um dos ‘alunos’ mais aplicados. ‘Ele toma nota de tudo’. Outro membro do grupo, José Conduta, dono da corretora Harmonia, relata que Alckmin não faltou a nenhuma reunião, mesmo quando disputava a reeleição em 2002″.
O grau de detalhamento da reportagem não deixa margem a dúvidas “os laços do governador com o Opus Dei iniciaram-se com a família. Seu tio, José Geraldo Rodrigues Alckmin, ministro do Supremo Tribunal Federal indicado ao cargo pelo então presidente, general Emílio Garrastazu Médici, foi o primeiro supernumerário do Brasil”.
As ligações de Geraldo Alckmin com esta seita ultra-secreta já eram motivo de especulações há tempos, mas só adquiriram veracidade com a reportagem da Época, ela mesma decorrente do sucesso do livro “O Código da Vinci”, do estadunidense Dan Brown, que desnudou seus mistérios. Em setembro de 2000, o repórter Mario César Carvalho já havia dado algumas pistas. Revelou que o pai de Alckmin “adquiriu o perfil erudito numa organização católica da qual fazia parte, o Opus Dei, criada em 1928, e que tem um viés político de direita – na Espanha, apoiou a ditadura de Francisco Franco. Em 1978, no cinqüentenário do Opus Dei, o pai de Geraldo Alckmin pediu ao filho [prefeito da cidade] que batizasse com o nome do fundador uma das ruas de Pindamonhangaba: Josemaría Escrivá de Balaguer y Albas. Assim foi feito”.
Conhecer os segredos e os adeptos do Opus Dei não é tarefa fácil. Esta seita sempre atuou da forma mais sigilosa possível. Seus integrantes são proibidos terminantemente de dar publicidade a sua adesão; nem os filhos podem contar aos pais que deram o “apito”, termo usado para indicar a admissão na seita. Eles são recrutados em importantes faculdades ou em clubes das elites, como o Centro Cultural Pinheiros, já que o Opus Dei só se interessa por aqueles que tenham condições de ascender social e politicamente.
Altamiro Borges
jornalista e editor da Revista Sindical