Alcoolismo: Não à discriminação

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Vergonha, exclusão, desemprego, problemas de saúde, abandono dos amigos e às vezes até da família. Essas são algumas conseqüências que o alcoolismo pode causar. A ingestão excessiva de álcool é a terceira causa de mortes no mundo, atrás somente do câncer e das doenças cardíacas. Por isso, o alcoolismo é hoje considerado um grave problema de saúde pública.

O álcool não tem um alvo específico, não escolhe raça, escolaridade, profissão ou nível social. No Brasil, o alcoolismo é o terceiro motivo para faltas e a causa mais freqüente de acidentes no trabalho. Segundo a Associação dos Estudos do Álcool e Outras Drogas, de 3 a 10% da população brasileira fazem uso abusivo do álcool. A doença é a oitava causa de concessões de auxílio-doença e os problemas direta ou indiretamente relacionados ao uso da substância consomem de 0,5% a 4,2% do PIB.

De acordo com a diretora do Sindicato dos Bancários do Ceará Carmem Grego, o alcoolismo deve ser tratado pelo empregador como uma doença. A pessoa atingida deve receber total apoio de todos. “Quando se percebe que existe alguém com esse problema, o doente deve receber total apoio de colegas de trabalho e patrões, além de ser motivado a procurar ajuda médica e tratamento adequado. Essa pessoa não deve, de forma alguma, ser discriminada”, aconselha.

Diversos fatores podem contribuir para a tendência ao abuso crônico do álcool e de outras drogas. Fatores genéticos, biológicos, psicológicos e sócioculturais interagem, em maior ou em menor grau, para a origem da dependência química. Os sintomas que compõem o alcoolismo se agravam e se intensificam ao longo da vida do doente. “O álcool funciona para alguns como uma fuga, uma válvula de escape dos problemas do dia-a-dia”, analisa Carmem.

Segundo a assessora de Saúde do Sindicato, Regina Maciel, o alcoolismo é uma doença de mão dupla. “O uso excessivo de bebida pode partir de problemas no trabalho, como pressão ou assédio moral como também pode causar transtornos no ambiente de trabalho em casos de uso da bebida por depressão ou fatores pessoais”, ponderou.

As empresas podem ser um local privilegiado para a implantação e desenvolvimento de programas assistenciais e programas de prevenção do alcoolismo. Países como EUA, Grã-Bretanha, Austrália e alguns lugares do Brasil já adotaram esse ponto de vista. O programa, da Organização Mundial de Saúde (OMS), trabalha a prevenção do alcoolismo, dirigido principalmente à população sadia, e, nos EUA, há o desenvolvimento de um modelo de detecção, tratamento e reabilitação das pessoas doentes.