Querem jogar para os trabalhadores a culpa pela inflação que voltou a rondar a economia brasileira. Diversas matérias da grande imprensa dão conta de que os diretores do Copom, que dia 23/7 elevaram em 0,75 ponto percentual a Selic, que passou a valer 13% ao ano, estão preocupados com as negociações salariais do segundo semestre: o receio é que “o ambiente de mais dinheiro no bolso incentive ainda mais o consumo”.
Desde 2004, em média 80% das categorias profissionais acumulam aumentos reais de salário. E a inflação permanecia sob controle.
Afinal, a quem interessa esse discurso, e a inflação que vem justificando as recentes elevações na taxa de juro? Com certeza não é para quem vive de salário e tem que pagar com sacrifício as contas no final do mês. Juro alto só interessa a banqueiros e aos investidores, justamente quem afirma que “reajustes salariais acima da inflação podem prolongar a alta dos preços e exigir juros maiores”.
Os trabalhadores não podem cair nessa conversa. Aumento real de salário é uma forma de recompor o que já foi perdido e de dar aos salários algum poder de compra diante do que perde com a passagem do tempo e o aumento de preços de produtos e serviços que acontecem todos os anos, haja ou não inflação em alta. Conter salários não reduz inflação. Mas sim ampliação de investimento em infra-estrutura e em mão-de-obra para produzir mais e atender a demanda.
Luiz Cláudio Marcolino
Presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região