Antes sucateado, banco voltou a ser valorizado a partir de 2003

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Muitos analistas avaliam que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) não privatizou os bancos públicos porque não teve tempo nem condições políticas para isso em seu período de governo. Entretanto, um alerta se faz necessário: se os tucanos voltarem ao poder, podem terminar o serviço que iniciaram na era FHC e dar os bancos públicos de presente ao setor financeiro privado.


Em 1995, quando Fernando Henrique assumiu a Presidência da República, o Banco do Brasil tinha 119.380 funcionários. Quando deixou o poder, em dezembro de 2002, restavam 78.619. Os tucanos cortaram 40.716 vagas, o equivalente a 34,1% do quadro de funcionários.


O governo tucano colocou em prática, logo de chegada em 1995, o seu projeto de desmantelamento do banco, para posterior privatização, começando por aplicar um pioneiro Programa da Demissão Voluntária (PDV) aos seus funcionários. Era comum bancários receberem cartas da direção do banco convidando-os a pedir demissão, mediante uma certa quantia em dinheiro, além de seus direitos trabalhistas e, caso não fizesse esse “acordo”, em quinze dias poderia ser sumariamente demitido sem essa “vantagem”.


Depois do PDV, foi a vez das transferências compulsórias, onde muitos funcionários de várias regiões foram removidos com um salário defasado para cidades como São Paulo e Brasília, com um custo de vida infinitamente superior ao que eram acostumados. Acontece que esse verdadeiro “ranger de dentes” simplesmente caiu no esquecimento dos antigos servidores, hoje quase todos aposentados, e não chegou ao conhecimento dos atuais, que ainda não eram bancários.


Só a título de exemplo, na era FHC houve uma redução unilateral e drástica do Plano de Cargos e Salários (PCS), onde os interstícios de 12% foram reduzidos para 3% em 1997. Houve também a extinção do anuênio de 1% ao ano em 2001, também de maneira unilateral e sem qualquer indenização. Além disso, o funcionalismo amargou reajustes zero de 1996 a 1999, acumulando no período de 1995 a 2002 apenas 36,15% de reajuste enquanto a inflação acumulada no mesmo período foi de assustadores 104,69%.


Valorização – O Banco do Brasil só voltou a se fortalecer a partir dos governos de Lula e Dilma, no embalo do crescimento do País. Nos anos de 2003 a 2014, foram criados 33.616 novos postos de trabalho e mais dois mil novos funcionários serão contratados até o ano que vem, segundo acordo da Campanha Nacional dos Bancários deste ano. O Banco do Brasil tem atualmente 112.216 funcionários.


Nesse mesmo período de 2003 a 2014 houve aumento real de 20,7% nos salários e 42,1% no piso salarial. Os acordos coletivos passaram a prever reajuste para todas as verbas salariais e os comissionados também passaram a ter reajuste por acordo coletivo. Além disso, a cesta-alimentação subiu de R$ 120,00 em 2002 para R$ 431,16 em 2014 (aumento de 278%) e o auxílio refeição subiu de R$ 227,92 em 2002 para 572,00 em 2014 (aumento de 151%).


Quanto ao PCS, os sindicatos negociaram com o BB o Adicional por Mérito, incorporando definitivamente ao salário-base valores relativos ao exercício de cargos comissionados e gratificação de caixa. Ademais, hoje a PLR do BB é considerada a melhor do sistema financeiro.