A dirigente sindical Josélia Soares, ex-becista, é bancária há 25 anos. Quando o BEC foi incorporado ao Bradesco, ela trabalhava no Departamento de Controle Operacional (DCO), que foi extinto. Hoje, ela e seus colegas de DCO encontram-se prestando serviço, sem nenhuma lotação definitiva. Josélia, por exemplo, está na agência Iracema desde o dia 31/5/06, mas até agora não foi efetivada. “Devido a essa indefinição, já não me sinto satisfeita em sair de casa para trabalhar”, lamenta.
Os funcionários não efetivados não têm senha de acesso ao sistema do banco, mesa de trabalho ou sequer um crachá de identificação. Em algumas agências, os ex-becistas chegam a ser hostilizados. “Graças a Deus não é o meu caso, pois sou bem tratada pelos meus companheiros de agência”, diz Josélia. E cobra: “O que nós reivindicamos é mais respeito por parte do banco e uma definição quanto a nossa lotação para que possamos trabalhar com dignidade”.
O diretor do Sindicato dos Bancários Erotildes Teixeira classifica o Bradesco como “completamente cruel”. “Demissão e assédio moral é uma prática cotidiana no banco. O assédio é às vezes tão intenso que força os trabalhadores a pedirem demissão e aqueles que resistem às humilhações por pura necessidade são demitidos assim mesmo, sem justa causa”, afirma.
Demissões – O Sindicato realizou no dia 22/12, uma manifestação denunciando as mais de 150 demissões ocorridas somente em 2006. Em dezembro foram feitos três atos semelhantes para denunciar a crueldade do Bradesco com seus funcionários. Na ocasião, a entidade levou um caixão com um ator representando os empregos dizimados pelo banco.
A maioria das demissões foi de ex-becistas, colocando o banco em contradição quanto ao discurso pregado no ato da compra do BEC. A direção do Bradesco afirmou na época que não haveria demissão em massa, o que gera um contraponto entre o discurso e a prática cometida pelo banco.