Bancário é assediado por não fazer venda casada

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Banco coage funcionários a realizar contratações de empréstimo com seguro sem esclarecer cliente. Movimento sindical cobra punição e fim da prática. Um funcionário do BB informava aos clientes que não era obrigatório contratar o seguro. Como fazia um volume alto de operações, foi notado e punido. Assim, trabalhador foi transferido de um lado para o outro, sendo informado por um dos gerentes que o motivo era sua “postura” de não fazer o empréstimo com a venda casada com o seguro. A venda casada é proibida pelo artigo 39, do Código de Defesa do Consumidor.


O bancário, atualmente afastado por doença psiquiátrica relacionada ao assédio moral, gravou as ordens e denunciou ao Sindicato dos Bancários de São Paulo, ao Ministério Público do Trabalho e ao Ministério Público Federal. Representantes do SEEB/SP denunciaram o caso ao banco, conforme cláusula de acordo de prevenção de conflitos, que dá prazo de 45 dias para o banco se pronunciar.


Os processos abertos pelo trabalhador estão em andamento e consumidores lesados já se dispuseram a ser testemunhas. “Um dos clientes me contou que recebeu ligação de um gerente que disse para não levar em consideração o que eu falava, porque eu era louco”, conta o bancário vítima de assédio. De acordo com denúncias, seus colegas também estariam sendo coagidos a, caso chamados, negar imposição de realização de venda casada.


Vidas prejudicadas – A orientação vinha também da gerente-geral: “você não está chamando atenção para o seguro. É o modo de abordar… Não dá para argumentar, porque ele (o cliente) não vai aceitar”, é o que diz, conforme gravação.


Para o bancário de 38 anos, que há dez trabalha no BB, a ordem de inserir a venda do seguro nos empréstimos sem perguntar ao cliente fere sua integridade. “Para mim, ia ser muito difícil fazer isso porque tenho meus valores”, conta o funcionário que hoje toma antidepressivos e está vivendo um momento de crise no casamento.


Por assédio moral organizacional, o Banco do Brasil foi recentemente multado em R$ 5 milhões na Justiça do Trabalho do Piauí. A investigação começou em janeiro de 2013 pela Procuradoria do Trabalho, que recebeu denúncia do Sindicato dos Bancários daquele estado.