Bancários criticam horário ampliado e cobram empregos do Itaú

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A Contraf-CUT, federações e sindicatos retomaram com o Itaú  a discussão sobre o projeto de ampliação do horário de atendimento ao público implantado pelo banco em várias agências do País. A reunião aconteceu no dia 6/11, em São Paulo. Na negociação anterior, ocorrida no dia 13 de setembro, as entidades sindicais já haviam criticado a forma unilateral e sem transparência utilizada pelo banco na implantação dos horários de algumas agências. Certas unidades de shoppings passaram a funcionar das 12h às 20h; enquanto outras, situadas em corredores de bancos, adotaram dois novos horários: algumas das 9h às 17h e outras das 11h às 19h.


Das 4 mil agências do banco no Brasil, 350 já funcionam nesse novo perfil, ou seja, 8% delas. E a expectativa, segundo informou o banco na reunião de quarta, é de chegar a 10% das unidades no País.


“Não concordamos com esse projeto, pois tem gerado extrapolação de jornada e transtornos na vida dos bancários, que viram seu horário de trabalho alterado de uma hora para a outra, além disso não aumenta o número de empregos na instituição”, ressalta Ribamar Pacheco, diretor do SEEB/CE e representante da Fetrafi/NE na Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú, que assessora a Contraf-CUT nas negociações.


Outro problema, segundo o dirigente, é que, com as mudanças, muitos bancários passaram a extrapolar consideravelmente seus turnos. “Alguns chegam a cumprir 10 a 12 horas por dia”, denuncia.


Os representantes do banco trouxeram respostas sobre alguns itens que o movimento sindical cobrou na última reunião. O banco reafirmou que os funcionários que não quiserem continuar lotados em agências envolvidas no projeto serão realocados, sem nenhum tipo de represália por parte dos gestores. Em relação à orientação sobre a movimentação de numerário e cheques, será mantido um limite de movimentação para os clientes. O banco admitiu que vem ocorrendo extrapolação de jornada em algumas unidades.


A Contraf-CUT cobrou do banco medidas em relação aos funcionários que tiveram custos agregados ao seu trabalho, como o pagamento diário de estacionamento nas unidades localizadas em shopping centers. Mas os representantes do Itaú não apresentaram solução para esse problema.


Proposta dos bancários – A Contraf-CUT tem proposta sobre o horário de atendimento nos bancos, que é a abertura das agências das 9h às 17h com dois turnos de trabalho, conforme consta há muitos anos na minuta nacional de reivindicações dos bancários para a Fenaban. Com isso, haverá mais contratações e melhores condições de trabalho e de atendimento aos clientes e à população. “Iremos continuar a defender a proposta da categoria e mobilizar os funcionários do Itaú para combater esse projeto”, completou Ribamar Pacheco.


Mais empregos – O Itaú lucrou até setembro de 2012 mais de R$ 10 bilhões e cortou 7.831 postos de trabalho no mesmo período. O número de trabalhadores recuou no último trimestre de 92.517 para 90.427, uma redução de 2.090 empregos. Desde abril do ano passado, o Itaú extinguiu 13.595 vagas, conforme análise do Dieese.


“O Itaú precisa gerar mais empregos, parar com a rotatividade e melhorar as condições de trabalho dos funcionários. A ampliação do horário de atendimento das agências das 9h às 17h, com dois turnos de trabalho, seria um primeiro passo, ao invés da implantação desse projeto que tem precarizado ainda mais as condições de trabalho e não tem gerado empregos”, disse Ribamar Pacheco.


Mais segurança – A Contraf-CUT criticou ainda a forma como está sendo feita a triagem de clientes para entrada nas agências depois do horário externo. Em muitos casos, devido à falta de funcionários, a triagem está sendo feita por vigilantes, que acabam se desviando da sua função de garantir a segurança nos locais de trabalho. A falta de condições de segurança, denunciada pelo movimento sindical, já resultou na retirada de quatro agências do projeto de atendimento: duas em São Paulo e duas em Brasília.


CPA-10 – Depois de denúncias do movimento sindical de que os caixas estavam sendo ameaçados de demissão se não obtivessem a certificação CPA-10 da Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid), os representantes do Itaú informaram que houve nova determinação por parte da área operacional aos seus gestores, deixando claro que essa não é a política do banco.


Novas negociações – Serão agendadas pelo menos mais duas rodadas de negociação até o final do ano. Uma para tratar de saúde, com foco principal no plano de saúde, e outra sobre os programas próprios de remuneração variável do banco. As datas, no entanto, ainda não foram definidas.