Bancários debatem precarização do trabalho de PCDs

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A Contraf-CUT, federações e sindicatos discutiram com o Santander na terça-feira (19/3), em São Paulo, a precarização do trabalho dos funcionários que são pessoas com deficiência (PCDs). O movimento sindical denunciou casos de desvio de função e falta de sensibilidade do banco em respeitar o ritmo da pessoa com deficiência. Além disso, PCDs com dificuldades graves de locomoção têm tido a deficiência agravada pelo excesso de esforço na locomoção ou por não estar em função ou local adequado ao tipo de restrições.


“Detectamos que o gestor não está preparado para receber este trabalhador e não possui tempo e ferramentas para tal. Muitos alegam que não possuem orçamento para buscar as soluções viáveis para as necessidades deste público”, afirma Deise Recoaro, funcionária do Santander e secretária de Mulheres da Contraf-CUT.


O banco recebeu antecipadamente uma pauta encaminhada pelo movimento sindical, solicitando informações para servir de parâmetro para as negociações. Um exemplo é o número total de PCDs no banco, quais funções ocupam e condições de trabalho que possuem, assim como a distância entre local de trabalho e residência.


De acordo com informações do banco, o número de PCDs oscila entre 5,1% e 5,2% do quadro de funcionários, com mais de 2 mil trabalhadores com deficiência. “Diante dos números do banco, os representantes do movimento sindical defenderam igualdade na oportunidades e, para tanto, é preciso implantar um tratamento diferente. São necessárias ações afirmativas voltadas para o público mais vulnerável nas relações de trabalho”, defende Deise.


Guia da PCD – Após um debate de caráter conceitual de entendimento sobre a problemática e a maneira que deve ser tratado o tema, o banco informou que possui um guia específico da pessoa com deficiência, no qual dá orientações e dicas de convivência. Foi anunciado também cursos pela intranet de sensibilização e treinamento para os funcionários. “Acreditamos que essas medidas são positivas e devem ser amplamente divulgadas”, ressalta a dirigente da Contraf-CUT.


Grupo de trabalho – Durante a reunião foi definido a criação de um grupo de trabalho formado por especialistas, com reuniões mensais para pensar políticas voltadas ao melhoramento da qualidade de trabalho deste público.


“Apesar de o banco ter reconhecido que não é possível cobrar o mesmo resultado de desempenho de um trabalhador com deficiência, na realidade não é respeitado o ritmo e as limitações que essas pessoas enfrentam para desempenhar suas funções. Esse será um tema de debate do grupo”, aponta Deise.