Bancários do BB querem Cassi e Previ para todos, contratações e fim do assédio moral

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O Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT e assessorado pela Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil, abriu na quarta-feira, 14/8, a mesa de negociação das reivindicações específicas com o BB, em Brasília, expressando o forte desejo dos trabalhadores de que as discussões sejam eficazes e que a empresa apresente propostas concretas para cada tema.


O Comando propôs que o primeiro eixo a ser debatido fosse sobre saúde, previdência e condições de trabalho, uma vez que grande parte das reivindicações entregues ao banco está relacionada ao assédio moral e violência organizacional e à cobrança de metas abusivas, que têm trazido sérias ameaças à saúde física e mental dos bancários, e também à carreira profissional.


Fim da discriminação é possível com Cassi e Previ para todos – O resultado mostra o quanto é injustificado o BB discriminar ainda cerca de 15 mil funcionários em relação ao direito de usufruir a assistência médica da Cassi, bem como de terem os mesmos direitos que os mais de 100 mil funcionários beneficiários da previdência complementar da Previ.


Enquanto um bancário contratado diretamente pelo BB custaria 175 mil pela Cassi – cálculo feito com salário de R$ 5 mil, com 30 anos de banco e 30 anos de expectativa de vida após aposentadoria –, um bancário oriundo da Nossa Caixa paulista custaria R$ 87 mil e um do Besc R$ 58 mil pelas regras dos planos das instituições incorporadas.


Plano de funções tem que ser revisto e gratificações aumentadas – Os funcionários do BB também protestaram contra o absurdo que foi a implantação unilateral do plano de funções em janeiro deste ano, que reduziu os salários e as gratificações de funções. O objetivo da direção do banco foi reduzir custos de pessoal à base de retirar direitos conquistados em campanhas salariais dos bancários. Enquanto isso, a direção do banco aumentou o passivo trabalhista em 14% nos últimos 12 meses, indo a três bilhões de reais.


Os representantes dos funcionários apontaram também que o BB precisa focar mais programas sociais como o Pronaf. A carteira de crédito do banco chegou a R$ 638 bilhões, sendo que a fatia do agronegócio chegou a R$ 126 bilhões e o Pronaf somente a R$ 26 bilhões.


Funcionalismo exige mais contratações – O BB reduziu em 276 o número de funcionários no último ano e aumentou em quase três milhões a base de clientes. Enquanto isso, há um clamor de ponta a ponta no País, inclusive dos administradores, por contratação e revisão na dotação das unidades. Nem é preciso dizer da imoralidade de lesar milhares de cidadãos aprovados nos concursos do BB, que não são chamados e muitos vêem o prazo de validade do certame se esgotar.


O banco prefere o inverso: dos poucos bancários que existem nas agências, a empresa permite que seus gestores retirem a maioria do atendimento ao público para escondê-los em falsas centrais de crédito, para cumprir metas de vendas de produtos. Perdem os clientes, perdem os bancários, perde o Brasil. Esses são alguns dados que demonstram a diferença de foco e de oposição entre as metas do acionista majoritário, o governo federal, e as metas da direção do BB. “É a questão da gestão do lucro e não da gestão da empresa pública com o foco na responsabilidade e no papel social da instituição”, avalia o presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, Carlos Eduardo Bezerra.


Descumprimento de acordos e convenções – Na primeira mesa de negociação com a Fenaban, a entidade dos banqueiros foi enfática ao dizer que é inadmissível os bancos descumprirem a Convenção Coletiva. Mas os gestores do BB publicaram ranking expondo nomes de bancários durante os 12 meses de vigência do contrato de trabalho. O BB ainda desrespeitou no primeiro semestre de 2013 a cláusula de folgas do acordo coletivo, pois não cumpriu o direito contratado na cláusula 39ª de os bancários manterem saldo de folgas e não fazerem mais trabalho extraordinário enquanto isso.


BB diz ter boa expectativa com negociações – Nesta primeira rodada, o banco comentou o bom resultado do semestre também. Afirmou que ele é fruto de sua força de trabalho e das estratégias corretas adotadas pela empresa e governo. A empresa espera que as mesas de negociação tragam avanços sobre os temas debatidos. Sobre a cobrança enfática das entidades sindicais sobre as metas abusivas e as formas de cobrança delas, o banco afirmou não concordar também com cobranças indevidas ou violentas. Disse que isso não é orientação da empresa. Mas sinalizou que a mesa pode aprofundar a questão.


Cláusulas de saúde e fim dos descomissionamentos – O tema saúde será retomado na próxima mesa de negociação, no dia 23/8. A cláusula 11 da minuta trata de diversos direitos sobre saúde ocupacional e a cláusula 32 refere-se à conquista contra os descomissionamentos imotivados.


Demais questões – As entidades sindicais voltaram a cobrar a reclassificação das faltas de luta contra o plano de funções e o PL 4330, porque o banco está classificando como faltas não abonadas e não justificadas. Também foi cobrado do BB que dê posse efetiva ao conselheiro representante dos trabalhadores no Conselho de Administração do banco porque o processo foi finalizado no semestre passado e o funcionalismo cobra pela agilidade no processo.


Denúncia à presidenta Dilma – No mesmo dia da negociação, a Contraf-CUT entregou carta à presidenta Dilma Roussef denunciando a ausência de rumo da direção do BB e sua relação autoritária com o funcionalismo, com péssimas condições de trabalho, cobranças abusivas de metas e assédio moral, que estão provocando uma verdadeira epidemia de adoecimentos. Entregue a José Lopez Feijóo, assessor da Secretaria da Presidência da República, pelo presidente Carlos Cordeiro e pela Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, a carta acusa a diretoria da empresa de gestão temerária por estar provocando grande passivo trabalhista e pede ao governo, acionista majoritário, que “dê um basta a tudo isso e determine alterações imediatas na condução do banco”.