Bancários do BNB retardam atendimento para protestar contra desrespeito ao funcionalismo e em defesa da Instituição

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Na quarta-feira, 28/3, dia seguinte à decisão, em assembleia, deflagrando estado de greve, os funcionários do Banco do Nordeste, sob a coordenação do Sindicato dos Bancários do Ceará, realizaram manifestação em frente à agência Montese, em Fortaleza, atrasando o início do atendimento em uma hora. A paralisação parcial foi orientação da Contraf-CUT e da Comissão Nacional dos Funcionários do BNB (CNFBNB). É uma forma de pressionar a Direção do Banco por mais respeito aos clientes e ao funcionalismo – que por conta da má-gestão se veem privado dos seus direitos. Na quinta-feira, 29/3, os bancários retardaram o atendimento na agência do BNB Aldeota.


O objetivo dos protestos é denunciar e alertar à população sobre suspeitas de corrupção na administração do BNB. No primeiro semestre de 2011, o Banco lucrou R$ 300 milhões. Para o segundo semestre, a expectativa era que esse valor duplicasse, mas a surpresa foi o lucro vergonhoso de R$ 14 milhões – uma redução drástica e que despertou questionamentos.


“Para onde foram os recursos que o Banco aplicou, o fundo constitucional, as operações de crédito? Dinheiro não desaparece. Esse dinheiro foi emprestado e não voltou? O Banco está ofertando crédito no mercado e não se preocupa em recuperar esse dinheiro. Se continuar assim, o Governo Federal não vai ter interesse em manter um Banco que não seja lucrativo e o BNB vai se acabar”, explica Tomaz de Aquino, diretor do Sindicato e coordenador da CNFBNB. Suspeitas de corrupção levaram o Ministério Público Federal, com o auxílio da Polícia Federal, a iniciar um processo de investigação para identificar o exato destino do dinheiro.


A situação inspira preocupação, já que o principal recurso que o Banco utiliza para fazer as operações é o fundo constitucional, que vem dos impostos pagos pelo contribuinte. “O Governo Federal tira uma fatia no fim do ano e destina para o Banco aplicar em benefício do Nordeste. Mas quando esse recurso não volta, quem se beneficia não é a região, mas uma pequena parcela de políticos e empresários que estão utilizando a instituição para se projetar politicamente e se locupletar com os recursos”, afirma o dirigente sindical.


Os reflexos da má-gestão recaem diretamente sob os clientes – em sua maioria, pessoas carentes que precisam dos recursos para movimentar os seus pequenos negócios – e sob os funcionários, que esperam há anos pelo pagamento de vários passivos trabalhistas e o Banco se recusa a pagar com o argumento de não ter dinheiro. O Sindicato exige que o dinheiro volte para os cofres do BNB para poder atender à população e pagar o que deve aos trabalhadores – inclusive a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), que está com o cálculo da segunda parcela de 2011 em discussão e diante da ameaça de não ser paga de acordo como estabelecido na Convenção Coletiva de Trabalho dos Bancários.


Com 60 anos de existência, o Banco do Nordeste do Brasil tem expandido consideravelmente sua atuação nos últimos anos, com especial atenção na área de microcrédito. É incontestável a importância da sua missão de ajudar no desenvolvimento da Região. Por isso mesmo o movimento sindical não se cala e exige que a administração da Instituição venha à público explicar onde está o lucro do segundo semestre de 2011. “É uma imoralidade o que está acontecendo. Nós, como sindicalistas, não aceitamos. Precisamos denunciar, sim. O Ministério Público está tomando as providências devidas e esperamos que essas pessoas paguem caro pela irresponsabilidade”, finaliza Pedro Moreira, diretor do Sindicato.


As manifestações já aconteceram no Centro Administrativo do Passaré e nas agências Fortaleza Centro, Montese e Aldeota e ainda se estenderão às agências da Bezerra de Menezes e Maracanaú. Os protestos irão continuar até que tudo seja esclarecido.