O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT) e coordenador do Comando Nacional dos Bancários e membro da executiva nacional da CUT, Vagner Freitas fez uma análise da greve dos bancários e do “heroísmo” da categoria no enfrentamento ao “conluio dos banqueiros com a Justiça do Trabalho”. Além de conseguir reajuste real de 3% para a maioria da categoria, a greve conquistou aumento do piso salarial e melhorias na PLR. Apesar do fantasma da crise e da aliança do PSTU com os banqueiros, bancários mantiveram-se unidos e construíram a vitória.
Na sua avaliação, os bancários e as bancárias foram heróicos. Normalmente, disse, não utilizo a expressão vitoriosa em campanha salarial, pois na maioria das vezes tem um caráter ufanista. “Na relação capital e trabalho o que você tem é melhores campanhas para o trabalhador em determinados anos ou para o capital em outros, mas que no geral não significam vitórias ou derrotas. Neste caso é diferente. Considero que a campanha de 2008 foi uma vitória para a categoria porque enfrentou uma das maiores crises do setor financeiro do mundo inteiro, de cunho internacional, mas que já chegava nos bancos no Brasil com muita intensidade”, acrescentou. Alguns irresponsáveis do PSTU chegaram a divulgar ao longo da nossa campanha a possibilidade de bancos grandes quebrarem, numa aliança extraordinária com o patrão.
Para mais da metade da categoria, 57% da categoria, foi a melhor campanha em saldo econômico dos últimos dez anos. “Porque nós tivemos 10% de reajuste, ou seja 3% de aumento real, com variação de 33% sobre a inflação, algo que não tínhamos obtido nem quando a situação econômica estava mais favorável. Para outra parcela da categoria, houve aumento real de 1%, acompanhada de uma mudança extraordinariamente importante na regra básica da Participação nos Lucros e/ou Resultados, que nós deslocamos de 80 para 90% do salário do trabalhador o que ele vai receber. Também deslocamos o teto salarial do máximo de 2 para 2,2 salários, o que também permite que ele tenha uma PLR na regra básica muito melhor do que a dos últimos anos. E até mais favorável para esse trabalhador que não pegou os 10%, apenas os 8,15%, numa compensação para demonstrar a relação de respeito e compromisso que nós temos com a categoria toda. Fizemos uma inflexão este ano por conta da dificuldade conjuntural da campanha, onde fomos vitoriosos pois valorizamos os índices, os pisos, os trabalhadores com renda mais baixa, que é uma característica do sindicalismo, mais a valorização da PLR, também beneficiando os trabalhadores que recebem acima de R$ 2.500,00”, concluiu.