Bancários questionam prêmio do Itaú de banco global mais sustentável

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Os bancários receberam a notícia com surpresa e quase não acreditaram. O Itaú Unibanco foi eleito o banco mais sustentável do mundo no prêmio “2011 FT/IFC Sustainable Finance Awards”, em Londres, concedido na quinta-feira, dia 16/6, pelo jornal britânico Financial Times e pelo IFC (International Finance Corporation), braço financeiro do Banco Mundial.


“Diante da realidade nas agências bancárias, esse prêmio soa como piada. O assédio moral, as metas abusivas e a onda de demissões que os funcionários são obrigados a conviver são provas de que isso é uma farsa. Quais critérios foram usados? Com certeza não foram consideradas as condições de trabalho dos bancários”, denuncia Ribamar Pacheco, funcionário do Itaú, diretor do SEEB/CE e representante da Fetec/NE na Comissão de Organização dos Empregados (COE/Itaú).

SETÚBAL IGNORA FUNCIONÁRIOS – Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, o presidente do Itaú, Roberto Setúbal, explicou sobre o que faz um banco ser sustentável. O detalhe é que descartou a importância dos funcionários. “A filosofia de sustentabilidade está no negócio. O banco procura ter uma relação sustentável com o cliente, o que significa ser transparente com o que é oferecido”, disse.


Setúbal foi indagado ainda sobre como na prática o banco é sustentável. Novamente o foco esteve sobre as vendas. “No ano passado, por exemplo, redesenhamos o produto seguro de vida. Com a mudança, passamos a vender menos seguros, porque a oferta agora é feita apenas para quem de fato está interessado no produto. Não há mais venda empurrada”, afirmou.


Para Ribamar, o cenário traçado pelo presidente do banco não corresponde à verdade. “As vendas casadas continuam a todo vapor. É comum o cliente adquirir títulos de capitalização e seguros, por exemplo, quando pede um empréstimo. Muitas vezes nem sabe que isso está acontecendo”, denunciou.

ONDA DE DEMISSÕES – Conforme reportagem da Exame Finanças, na edição do dia 15/6, o Itaú Unibanco iniciou um duro programa de corte de custos e reorganização interna para atingir o grau de eficiência que seus acionistas esperam. Durante os meses de abril e maio, de acordo com a revista, cerca de 350 profissionais deixaram o banco, a maioria deles pertencente à área de crédito ao consumidor, que engloba a financeira e o segmento de cartões de crédito. O setor perdeu boa parte dos gerentes e superintendentes, além de três diretores. “Todo mundo se pergunta qual área será a próxima a demitir, o clima está péssimo, ninguém quer falar com o RH”, desabafou um funcionário.

PROMESSA NÃO CUMPRIDA – Apesar de ter declarado publicamente na época da fusão entre Itaú e Unibanco, em 2008, que não haveria demissões, Setúbal não cumpriu a promessa. A Contraf-CUT vêm denunciando e fazendo manifestações contra as demissões. Os bancários propuseram, em 2009, ao banco a criação da Central de Realocação, “que só funcionou por pouco tempo e logo foi fechada. Desde o começo do ano, nova onda de demissões começou.