Bancários reivindicam mais segurança e emprego

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Na semana passada, os bancos Bradesco, Santander e Safra divulgaram o balanço de 2011, que apontam aumento nos seus lucros em relação ao ano anterior. Os resultados bilionários, porém, contrastam com os números dos investimentos em segurança e da contratação de funcionários.


O Santander Brasil alcançou o lucro líquido de R$ 7,755 bilhões, o que representa um crescimento de 5,1% em relação a 2010 (R$ 7,382 bilhões) e 28% do lucro mundial do banco espanhol (a Espanha responde por cerca de 10%, enquanto que a América Latina, liderada pelo Brasil, responde por 51% do lucro do grupo).


Já o Bradesco fechou o ano com o lucro de R$ 11,19 bilhões, um aumento de 14,2% frente aos R$ 9,804 bilhões de 2010. Com esse lucro, o Bradesco só ficou atrás dos resultados de Itaú (R$ 11,708 bilhões) e Banco do Brasil (R$ 11,296 bilhões), ambos em 2010. Entre os dez maiores lucros anuais da história dos bancos brasileiros, quatro são do Bradesco.

O Safra lucrou R$ 1,25 bilhão – cifra 19,7% superior na comparação com o ano anterior – e, em dezembro, já efetuou os créditos da segunda parte da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) aos seus funcionários.

Segurança – No último dia 6/1, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) divulgou o total das despesas em segurança dos bancos. De acordo com a Federação, “os investimentos em segurança cresceram de R$ 3 bilhões no início dos anos 2000, para R$ 9,4 bilhões nos últimos anos”.


Esse número, no entanto, está na contramão do total apurado no estudo feito pela Subseção do Dieese da Contraf-CUT, com base nos balanços publicados de janeiro a setembro de 2011. Os cinco maiores bancos do País – Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Caixa Econômica Federal, que lucraram no período R$ 37,9 bilhões – destinaram R$ 1,9 bilhão em despesas com segurança e vigilância. Na comparação com os números de 2010, constata-se uma queda de 5,45% para 5,20% na relação entre o lucro e os gastos com segurança. Pesquisa nacional feita pela Contraf-CUT e Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) aponta ainda 49 mortes em assaltos envolvendo bancos em 2011, um crescimento de 113% em relação a 2010.


“Na retomada da Mesa Temática de Segurança Bancária, cuja primeira reunião em 2012 ainda não foi marcada, vamos cobrar esclarecimentos da Fenaban sobre essa grande diferença entre os números divulgados”, afirma o secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr.


Segundo o dirigente sindical, o objetivo é saber quanto é investido em vigilância, transportes de valores e equipamentos de prevenção contra assaltos e sequestros, como portas giratórias, câmeras de monitoramento em tempo real, vidros blindados nas fachadas, biombos, divisórias individualizadas entre os caixas e abertura e fechamento de unidades por empresas especializadas em segurança, dentre outros itens.

Contratações – Apesar dos lucros estrondosos, Bradesco e Santander estão em dívida com o emprego bancário. Juntos, os dois lucraram R$ 18,803 bilhões, conforme levantamento da Subseção do Dieese na Contraf-CUT. Apesar disso, eles geraram apenas 9.632 postos de trabalho, o que contribui muito pouco para reaquecer a economia e melhorar as condições de trabalho da categoria e o atendimento dos clientes.


“Os bancos novamente tiveram lucros estrondosos sem oferecerem contrapartidas para o desenvolvimento econômico e social do País”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT. Os bancários são os verdadeiros provedores do bom desempenho do sistema financeiro, trabalhando sob pressão, sobrecarga de trabalho e assédio moral para cumprir as metas abusivas. Além disso, os bons resultados são reflexos das altas taxas de juros praticadas no Brasil, que punem outro grande responsável pelos lucros: o cliente.


“Queremos que os ganhos dos bancos impactem na ampliação do emprego, na distribuição da renda e na inclusão social de milhões de brasileiros, com atendimento bancário de qualidade, com assistência financeira, segurança e sigilo protegido. E que o bancário seja respeitado, valorizado profissionalmente, tratado com dignidade”, destaca Carlos Cordeiro.

PLR – Embora a data limite para a divulgação do balanço de 2011 seja dia 1º/3, os bancos já sabem quanto lucraram e, portanto, têm condições de antecipar o crédito para os trabalhadores. Bradesco, Santander e Safra foram as primeiras instituições a apresentar os números – e únicas até o fechamento desta edição da TB. Dia 7/2 será a vez do Itaú e dia 14/2, do Banco do Brasil. Caixa Federal e HSBC não divulgaram a data.

Raio X de Bradesco e Santander

BRADESCO
Lucro de R$ 11,19 bilhões, crescimento de 14,2%

• De dezembro de 2010 a dezembro de 2011:

Gerou 9.436 postos de trabalho, um aumento de 9,91%, passando de 95.248 funcionários para 104.684.

1.006 novas agências, passando de 3.628 para 4.634, um crescimento de 27,73%.

(Isso ocorreu, sobretudo, em função da perda do Banco Postal, que desde janeiro deste ano está sendo administrado pelo Banco do Brasil)

SANTANDER

Lucrou de R$ 7,755 bilhões, crescimento de 5,1%

• De dezembro de 2010 a dezembro de 2011:

Gerou 196 empregos, aumento de 0,36%, passando de 54.406 funcionários para 54.602.

154 novas agências, de 2.201 para 2.355, um aumento de 7% (esse número, no entanto, fica bem abaixo do que havia sido prometido pela direção do banco.