Terror. Apreensão. Insegurança. Incerteza. Esses, infelizmente, têm sido os principais sentimentos que os funcionários do Banco do Brasil, lotados no Interior, carregam dia-a-dia quando vão trabalhar. Além das responsabilidades inerentes ao trabalho bancário, os funcionários do BB trazem constantemente consigo a intranquilidade quanto às suas integridades físicas durante o dia de trabalho. O motivo: nos últimos dois anos, o banco têm se tornado o alvo principal das quadrilhas de assalto no Interior do Estado. Dos doze ataques a agências bancárias registrados em 2010, nove foram a agências do BB, com um saldo infeliz de cinco casos com reféns e uma funcionária baleada. Os outros ataques foram feitos a agências do Bradesco e todos os casos foram registrados no Interior.
O fato, como diria o escritor colombiano Gabriel García Marquéz, é uma “crônica anunciada” há vários meses pelo Sindicato dos Bancários do Ceará, que sucessivamente vem cobrando providências do banco e do poder público sobre a insegurança descarada no Interior, que tem vitimado agências bancárias em curtos espaços de tempo. Um dos grandes atrativos à ação de assaltantes no interior do Estado é o precário quantitativo policial que existe nessas cidades, numa demonstração de vulnerabilidade, além de maior facilidade de fuga nesses casos. “Realmente, sem segurança pública, fica mais fácil para os bandidos atuarem à vontade. É claro que nem tudo depende do banco, mas é preciso e é possível um investimento maior dos banqueiros na segurança das unidades. Agora, é fundamental que o Governo também faça a sua parte”, disse o diretor Bosco Mota.
RERIUTABA – O último assalto ocorrido a agência do BB aconteceu em Reriutaba (290 km de Fortaleza), quando cinco bandidos fortemente armados assaltaram a agência por volta das 13h do dia 6/7, levando três pessoas como reféns: um comerciante e seu filho de apenas quatro anos e uma funcionária do banco, que acabou baleada na cabeça e está internada na Santa Casa de Sobral.
A pessoa baleada é Ana Lúcia de Almeida Pontes. A hipótese é de que a vítima tenha sido ferida no momento em que a quadrilha saía do banco e trocou tiros com policiais militares. Os ladrões fugiram em um Cross Fox preto, que, mais tarde, foi abandonado pelos bandidos. O assalto aconteceu uma semana depois de um outro ataque a uma agência do BB, em Monsenhor Tabosa.
O Sindicato dos Bancários visitou a unidade um dia após o assalto. Os diretores Bosco Mota, Mateus Neto e Carlos Rogério deram orientações aos funcionários sobre como proceder quanto à emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), documento que resguarda os bancários de consequências advindas dos assaltos, além de outras providências que os bancários têm direito nesses casos. Os diretores visitaram ainda o hospital onde a bancária está internada. Até o fechamento dessa edição, a recuperação da funcionária estava acontecendo dentro do esperado.
“É lamentável que trabalhadores e população fiquem expostos a tamanha insegurança e impotência, sem que nenhuma providência seja tomada, quer seja pelo banco, quer seja pelo poder público. A bancária Ana Lúcia agora se encontra numa cama de hospital, simplesmente porque assaltos acontecem um atrás do outro e ninguém faz nada para mudar essa situação. Ela é mais uma vítima da omissão dos banqueiros e do governo do Estado. Só lamentar não basta. Quantos bancários ou cidadãos terão que passar por situações semelhantes até que se faça alguma coisa? Nós do Sindicato estamos fazendo nossa parte, mas o poder público e o banco também têm que cumprir seu quinhão de responsabilidade”, indignou-se o presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, Carlos Eduardo Bezerra.