Bancos apelam ao Senado para escapar do Código do Consumidor

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O abuso dos bancos na cobrança de tarifas e nas taxas de juros voltou à berlinda depois que o Ministério Público e o Ministério da Justiça denunciaram os excessos e criticaram a omissão do Banco Central. O BC reagiu, disse que abuso bancário é um problema da Justiça, pois seria assunto do Código de Defesa do Consumidor (CDC). E agora, os bancos apostam no Senado, onde contam com a simpatia de uma certa bancada.


A Comissão de Defesa do Consumidor do Senado aprovou projeto, no dia 29/5, que blinda a usura do sistema financeiro contra o CDC. O texto muda a lei para deixar claro que as regras pró-consumidor não valem para juro bancário. Esta é a segunda tentativa dos bancos de escapar do CDC e a ajuda do Senado faz-se necessária.


O Senado é um lugar fértil para o lobby bancário, graças à generosidade de certas instituições. Gentileza principalmente da “Santíssima Trindade”. Nas duas últimas eleições, Bradesco, Itaú e Unibanco doaram R$ 5,690 milhões para 23 políticos que se elegeram senadores ou que já eram senadores e disputavam outro cargo.


Tal generosidade costuma beneficiar senadores de peso e não faz distinção partidária. A força dos bancos no Senado é tanta, que, nos corredores da Casa, brinca-se com a existência da “bancada do Bradesco” e da “bancada do Itaú”.