Esses são alguns dos principais resultados da quinta edição da Pesquisa de Emprego Bancário (PEB) realizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). As duas entidades realizam esse levantamento desde o ano passado, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
A remuneração média dos admitidos foi 37,85% inferior em relação à dos desligados (R$ 2.197,79 contra R$ 3.536,38). A disparidade maior é em relação às mulheres. As bancárias foram admitidas recebendo remuneração 32,71% inferior à dos homens (R$ 1.770,20 contra R$ 2.630,59). Já no Ceará, essa diferença sobe para 41,4%. A remuneração média no Estado, que já era inferior a da média nacional, ficou mais acentuada ainda: os afastados ganhavam em média R$ 3.018,44 enquanto os admitidos são contratados com média salarial de R$ 1.759,59.
“A geração de novos postos de trabalho no setor financeiro é uma ótima notícia para a categoria bancária, que na campanha nacional do ano passado tinha a defesa do emprego como uma de suas principais bandeiras. Entretanto, queremos mais contratações, mas com qualidade de emprego. A redução salarial do bancário cria uma precariedade tanto nas condições de trabalho quanto até mesmo no atendimento ao público, porque o nível de escolaridade do bancário também está em queda”, analisou o presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, Carlos Eduardo Bezerra, em entrevista coletiva na sede da entidade. Ele completa: “o perfil do bancário está mudando. Hoje se demite funcionário que tem nível superior, onde estão concentrados os maiores salários, para se contratar funcionário com o ensino médio, como forma de pagar menos aos novos contratados”, diz.
De acordo com o coordenador da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), Ediran Teixeira, os banqueiros estão conseguindo contratar mais pessoas e, ao mesmo tempo, reduzir a folha de pagamento. “Os bancos estão conseguindo contratar o dobro de funcionários gastando a metade do que gastava com os antigos que estão sendo desligados, através da redução salarial média”, alerta. No estado, essa redução foi de 34,3%, enquanto no País foi bem menor, atingindo 16,4% de economia.
“Isto quer dizer, também, que os bancos estão utilizando o processo de rotatividade de funcionários para reduzir a despesa com pessoal”, finaliza Carlos Eduardo.