Bancos contratam mais pela metade do preço

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2.840 novos empregos no Brasil. Saldo positivo de 13 novos postos de trabalho no Ceará no primeiro trimestre de 2010. Esses números seriam dignos de comemoração se não fosse uma nova manobra dos bancos: contratar mais bancários, porém, com salários drasticamente menores.


Esses são alguns dos principais resultados da quinta edição da Pesquisa de Emprego Bancário (PEB) realizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). As duas entidades realizam esse levantamento desde o ano passado, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).


A remuneração média dos admitidos foi 37,85% inferior em relação à dos desligados (R$ 2.197,79 contra R$ 3.536,38). A disparidade maior é em relação às mulheres. As bancárias foram admitidas recebendo remuneração 32,71% inferior à dos homens (R$ 1.770,20 contra R$ 2.630,59). Já no Ceará, essa diferença sobe para 41,4%. A remuneração média no Estado, que já era inferior a da média nacional, ficou mais acentuada ainda: os afastados ganhavam em média R$ 3.018,44 enquanto os admitidos são contratados com média salarial de R$ 1.759,59.


“A geração de novos postos de trabalho no setor financeiro é uma ótima notícia para a categoria bancária, que na campanha nacional do ano passado tinha a defesa do emprego como uma de suas principais bandeiras. Entretanto, queremos mais contratações, mas com qualidade de emprego. A redução salarial do bancário cria uma precariedade tanto nas condições de trabalho quanto até mesmo no atendimento ao público, porque o nível de escolaridade do bancário também está em queda”, analisou o presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, Carlos Eduardo Bezerra, em entrevista coletiva na sede da entidade. Ele completa: “o perfil do bancário está mudando. Hoje se demite funcionário que tem nível superior, onde estão concentrados os maiores salários, para se contratar funcionário com o ensino médio, como forma de pagar menos aos novos contratados”, diz.


De acordo com o coordenador da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), Ediran Teixeira, os banqueiros estão conseguindo contratar mais pessoas e, ao mesmo tempo, reduzir a folha de pagamento. “Os bancos estão conseguindo contratar o dobro de funcionários gastando a metade do que gastava com os antigos que estão sendo desligados, através da redução salarial média”, alerta. No estado, essa redução foi de 34,3%, enquanto no País foi bem menor, atingindo 16,4% de economia.


“Isto quer dizer, também, que os bancos estão utilizando o processo de rotatividade de funcionários para reduzir a despesa com pessoal”, finaliza Carlos Eduardo.