Bancos cortam 3,3 mil empregos até setembro, enquanto Brasil gera 904 mil

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Na contramão da economia brasileira, que gerou 904.913 novos empregos entre janeiro e setembro deste ano, o sistema financeiro nacional fechou 3.325 postos de trabalho no mesmo período. O desemprego no setor seria ainda mais acentuado não fosse a atuação da Caixa Econômica Federal, a única grande instituição financeira a criar vagas (1.978). Os dados são da Pesquisa de Emprego Bancário (PEB) divulgada dia 28/10 pela Contraf-CUT, que faz o estudo em parceria com o Dieese, com base nos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).


“É injustificável essa eliminação de postos de trabalho num dos setores mais lucrativos da economia, em que apenas os seis maiores bancos (BB, Itaú, Bradesco, Caixa, Santander e HSBC) lucraram R$ 56,7 bilhões em 2013 e mais R$ 28,3 bilhões no primeiro semestre deste ano, ostentando os maiores índices de rentabilidade de todo o sistema financeiro internacional”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.


Rotatividade – De acordo com o levantamento Contraf-CUT/Dieese, além do corte de vagas, a rotatividade continuou alta no período. Os bancos brasileiros contrataram 25.702 funcionários e desligaram 29.027. A pesquisa mostra também que o salário médio dos admitidos pelos bancos nos primeiros oito meses do ano foi de R$ 3.321,80 contra o salário médio de R$ 5.251,76 dos desligados. Assim, os trabalhadores que entraram nos bancos receberam valor médio 37% menor que a remuneração dos que saíram.


Gênero – A pesquisa mostra também que as mulheres, ainda que representem metade da categoria e sejam mais escolarizadas, continuam discriminadas pelos bancos na remuneração, ganhando menos do que os homens quando são contratadas. Essa desigualdade segue ao longo da carreira, pois a remuneração das mulheres é bem inferior à dos homens no momento em que são desligadas dos seus postos de trabalho.


Enquanto a média dos salários dos homens na admissão foi de R$ 3.766,64 nos primeiros nove meses do ano, a remuneração das mulheres ficou em R$ 2.856,42 (24% inferior). Já a média dos salários dos homens no desligamento foi de R$ 6.017,79 no período, enquanto a remuneração das mulheres foi de R$ 4.425,34. Isso significa que o salário médio das mulheres no desligamento é 26% menor que a remuneração dos homens.


“Os bancos que estão fechando postos de trabalho não prejudicam somente os bancários. Eles pioram o atendimento à população e não contribuem para o crescimento econômico e social do País com emprego e distribuição de renda”
Clécio Morse, diretor do Sindicato dos Bancários do Ceará