Bancos enrolam e adiam proposta para o dia 7. Assembleia dia 8 vai avaliar

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Dirigentes sindicais bancários de todo o Brasil se deslocaram para São Paulo, na quarta-feira (1º/8), com a expectativa de receber e debater a proposta que a Fenaban havia se comprometido a apresentar para a Campanha Nacional Unificada 2018. Os bancos, no entanto, não cumpriram o compromisso e anunciaram que uma proposta global, inclusive com índice de reajuste, será apresentada na próxima rodada de negociação marcada para a terça-feira (7/8). A categoria espera uma proposta decente dos bancos, com aumento real diante do crescimento de quase 34% em 2017, de 20% no primeiro trimestre de 2018 e que segue em alta diante dos balanços do semestre já divulgados.


ELES GANHAM MUITO E PODEM PAGAR – A excelente saúde financeira dos bancos foi apresentada na mesa de negociação para reforçar que o setor deve muito aos seus funcionários. Juntos, os maiores bancos acumularam o montante de R$ 32,4 bilhões nos primeiros três meses do ano. Somente essa receita, cobriria quase 140% do total dispendido em despesa de pessoal, e ainda sobra. Mesmo assim, demitem. No 1º trimestre deste ano, houve queda de 13.564 postos de trabalho comparado ao mesmo período de 2017.


“Os lucros comprovam que os bancos podem apresentar propostas para resolvermos nossa campanha num ambiente de negociação”
Eduardo Marinho, presidente em exercício do SEEB/CE



Nossas reivindicações e as respostas dos bancos


AUMENTO REAL – Os bancários cobram reposição total da inflação mais aumento real para salários e demais verbas, como VA e VR. A inflação projetada está em 3,88%, com expectativa de alta. Os bancos apresentarão proposta no dia 7.


PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS – Os bancos querem manter a regra atual da PLR, (que prevê o pagamento de 90% do salário-base mais R$ 2.243,58, limitado a R$ 12.035,71). Diante do enorme lucro do setor, os bancários querem rediscutir o formato, de maneira que os trabalhadores recebam uma parcela maior do resultado que ajudam a alcançar. O assunto voltará à pauta na próxima semana.


14º SALÁRIO – Os trabalhadores reivindicam o pagamento do 14º salário a todos os empregados. Para a Fenaban, não há espaço para isso porque consideram já haver vários “benefícios” para os bancários, que na realidade são direitos conquistados.


PISO – Outro ponto da pauta dos bancários é o piso de R$ 3.747,10 (salário mínimo do Dieese). Os bancos acham difícil mexer no valor pago atualmente, mas devem apresentar proposta na próxima semana.


PCS – Outra reivindicação é a adoção de um Plano de Cargos e Salários, elaborado com a participação de sindicatos. Para a Fenaban, no entanto, não dá para regrar tudo.


TELETRABALHO – Os bancos informaram que pretendem apresentar uma proposta de teletrabalho na semana que vem, com base no modelo do Judiciário que tem como condição produtividade 15% maior para os trabalhadores que quiserem atuar nessa modalidade. Segundo a Fenaban, o TST recomenda que a jornada deve começar depois das 6h e terminar até as 22h. Os dirigentes sindicais cobraram o respeito à jornada da categoria, de seis horas, e a utilização de equipamentos dos bancos.


SALÁRIO DO SUBSTITUTO E ISONOMIA SALARIAL – Os bancários reivindicam que seja garantido ao substituto o mesmo salário do substituído, e efetivação na função caso o período seja superior a 90 dias. A Fenaban afirmou que substituir é um aprendizado, que é difícil de fazer esse pagamento e precisam analisar para apresentar uma proposta.


PARCELAMENTO DO ADIANTAMENTO DE FÉRIAS – Outra reivindicação é que o adiantamento das férias possa ser devolvido em até 10 parcelas iguais, sem juros ou correções. A Fenaban informou que vai refletir sobre o pedido.


VALES REFEIÇÃO, ALIMENTAÇÃO, 13ª CESTAS – Os bancários reivindicam vales refeição, alimentação e 13ª cesta no valor de R$ 954,00 mensais. Os bancos devem apresentar proposta de valores na próxima semana.


AUXÍLIO CRECHE/AUXÍLIO BABÁ – O valor reivindicado é de um salário mínimo mensal (atualmente em R$ 954) para cada filho, inclusive os adotados, dependentes com guarda provisória e enteados, até a idade de 12 anos.


AUXÍLIO EDUCACIONAL – Outra reivindicação é o pagamento de bolsas de estudo pelos bancos para ensino médio, graduação ou pós-graduação. Dentre os bancos que compõem a mesa, somente o Bradesco não paga.


VALE-CULTURA – Os bancários cobram que seja restituído o vale-cultura retirado pelo governo golpista. Pago a todos os empregados, inclusive os afastados por problemas de saúde, até o último dia útil do mês, a reivindicação é de R$ 153,91, na forma de cartão magnético. A Fenaban diz que não há segurança jurídica para pagar fora da legislação que não prevê mais esse direito.


REMUNERAÇÃO TOTAL – O Comando informou que quer discutir a remuneração total para que não haja redução ou substituição de contratos pelas formas de precarização previstas na lei trabalhista do pós-golpe. A Fenaban informou que até agora os bancos não aplicaram nenhuma nova forma e que não há movimento nesse sentido. Mas não se comprometeram a assinar.


IGUALDADE DE OPORTUNIDADES – Os bancários cobram dos bancos a promoção de políticas para eliminar desigualdades e discriminações por motivos de raça, cor, gênero, idade ou orientação sexual (LGBTQ) nos locais de trabalho. Os bancários cobraram a realização de um novo censo para reavaliar o quadro e retomar os debates sobre o tema na mesa bipartite de igualdade de oportunidades.