Bancos financiaram o golpe e colhem os frutos com medidas que prejudicam os trabalhadores

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Sob o governo ilegítimo de Temer, ações do Bradesco crescem 134% e do Itaú, 95%, enquanto o Ministério da Fazenda perdoou dívidas do Itaú (R$ 25 bi) e do Santander (R$ 338 mi). Além disso, o governo apoiado pelo Sistema Financeiro e aliado ao Congresso, propôs a criação de legislação que prejudica trabalhadores e enriquece mais ainda os banqueiros. Exemplo disso é a reforma trabalhista, que começa a vigorar em 11 de novembro, bem como o perdão de dívidas milionárias dos bancos.


Desde o início de 2016, as ações do Bradesco e do Itaú na Bovespa cresceram 134% e 95% respectivamente. Muito mais do que nos oito anos anteriores, entre 2007 e 2015, quando as ações do Bradesco subiram 34% e as do Itaú, 58%. Os dados foram citados pela revista Carta Capital (edição de 20 de setembro), que atribui a valorização dos dois maiores bancos privados do país às medidas tomadas após o golpe que derrubou a presidenta eleita Dilma Rousseff e conduziu Michel Temer à Presidência da República.


Entre os “mimos” de Temer aos bancos, citados pela publicação, estão a recente aprovação, pela base aliada do governo no Congresso Nacional, da lei que acaba com a TJLP, taxa de juro mais baixa do BNDES para investimentos na indústria e infraestrutura; as anunciadas privatizações – um filão para as instituições financeiras que poderão financiar compradores e montar consórcios –; e a reforma da Previdência que, se aprovada, empurrará milhares de brasileiros para os planos privados de aposentadoria dos bancos.


Os bancos estão entre os principais financiadores do impeachment de Dilma Rousseff: os banqueiros, assim como a Fiesp e conglomerados de comunicação como a Globo, estavam entre os principais financiadores do golpe. Agora eles colhem os frutos.


O fim da CLT e do direito à aposentadoria, a ampliação da terceirização fazem parte do golpe, para aumentar o lucro das empresas e dos bancos, sem se preocupar com a população e o futuro do país.


A reforma trabalhista, proposta pelo governo ilegítimo de Temer e aprovada pelo Congresso em 11 de julho, reduz direitos, barateia os custos da mão de obra e é uma pauta antiga dos banqueiros. A implementação de novos modelos de trabalho, muitas vezes esbarravam na proteção da legislação trabalhista e esse era um entrave que os bancos queriam tirar da frente.


A reforma trabalhista acabou com esse modelo das normas de controle de jornada de trabalho, não garantiu que a responsabilidade dos custos de infraestrutura e equipamentos será do empregador e jogou para o trabalhador a responsabilidade por questões de saúde e segurança do trabalho. Não há dúvida de que o sentido de tudo isso é a precarização das relações de trabalho e aumento dos lucros bilionários do setor financeiro.


DÍVIDAS PERDOADAS – O apoio do setor financeiro a Temer resultou em perdão de dívidas milionárias pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão do Ministério da Fazenda. Em abril, o Carf perdoou uma dívida de R$ 25 bilhões do Itaú em Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) na fusão com o Unibanco, em 2008.  Em julho, o órgão perdoou a dívida do Santander R$ 388 milhões também em imposto de renda e CSLL, oriundos da aquisição do ABN AMRO, em 2007.


CAPITAL DECIDIU COMANDAR O MUNDO – O diretor técnico do Dieese, o sociólogo Clemente Ganz Lúcio, chama a atenção para a concentração de renda proporcionada pelo governo Temer e seu projeto neoliberal. “De 2008 para cá, cada vez mais a organização econômica visa gerar formas de transferência de riqueza para os já detentores da riqueza. Desde 2008, o capital financeiro tomou a decisão de comandar politicamente o mundo”.