Bancos frustram expectativas dos bancários na segunda rodada de negociação

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Assim como aconteceu com os temas de saúde, condições de trabalho e segurança bancária, os bancos também não fizeram propostas para as reivindicações sobre igualdade de oportunidades defendidas dias 27 e 28/8, pelo Comando Nacional dos Bancários, durante a segunda rodada de negociações da Campanha 2014. Os bancos voltaram a negar que haja discriminações de gênero, raça e orientação sexual nos locais de trabalho e protelaram mais uma vez a apresentação dos resultados do II Censo da Diversidade realizado entre 17/3 e 9/5.


Cota de 20% para negros – O Comando Nacional cobrou a reivindicação de um percentual mínimo de 20% de negros nas contratações dos bancos. Os negociadores da Fenaban, no entanto, foram enfáticos em afirmar que não gostam e não aceitam nenhuma política de cotas. Os dirigentes sindicais também apontaram a ausência de mulheres nos altos cargos executivos de quase todos os bancos. Os negociadores da Fenaban não contestaram as informações, mas não apontaram soluções para combater as discriminações.


PCS – Os bancários reivindicam que os bancos disponibilizem a relação de cargos na empresa com suas definições técnicas, assim como os critérios necessários para essas funções. Os negociadores da Fenaban disseram que os grandes bancos já disponibilizam suas “trilhas” na intranet e estão à disposição dos bancários e que, portanto, não haveria necessidade de incluir esse tema na CCT.


Assédio sexual – Diante da gravidade desse problema na categoria, a Contraf-CUT relançou em julho a cartilha Combate ao Assédio Sexual, com informações e orientações sobre como enfrentar situações que violem a Lei 10.224/2001, que alterou o Código Penal de 1940 e passou a considerar o assédio sexual como crime, com pena de detenção de um a dois anos. Os bancos concordaram que essa é uma prática inaceitável e que deve ser combatida, porque prejudica o ambiente de trabalho. No entanto, se recusaram a incluir qualquer aspecto desse tema na Convenção Coletiva. Concordaram apenas em fazer uma campanha conjunta com os sindicatos de combate ao assédio sexual.


Equidade – A adesão dos bancos ao Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça da Secretaria de Políticas para as Mulheres foi cobrada pelo Comando. O programa federal busca “garantia da autonomia econômica e social das mulheres, especialmente daquelas que vivem as discriminações decorrentes da desigualdade social, de gênero e racial”. Os representantes dos bancos informaram desconhecer o programa e disseram que levarão a questão para debate na mesa temática de Igualdade de Oportunidades.


Licença parental – O Comando reivindicou a concessão da licença maternidade, hoje chamada de licença parental, para o prazo de seis meses consecutivos ao pai ou adotante em caso de nascimento de filho. A medida seria extensiva para os casos de relações homoafetivas. Os negociadores dos bancos, porém, disseram mais uma vez não, alegando que isso deve ser tratado com a Previdência Social. Os dirigentes sindicais solicitaram o número de bancários e que utilizam a cláusula 49ª da CCT que trata da extensão de vantagens nas relações homoafetivas.


PCD – Os bancos rejeitaram ainda a reivindicação apresentada pelo Comando de abono das ausências para reparo, conserto, manutenção e aquisição de órtese e prótese dos trabalhadores com deficiência (PCD).


Insegurança – O Comando apresentou os dados da Pesquisa Nacional de Mortes em Assaltos envolvendo Bancos, mostrando que 32 pessoas foram assassinadas nos primeiros seis meses de 2014, um aumento de 6,7% em relação a 2013. Os bancos questionaram a pesquisa do movimento sindical. O Comando pediu mais transparência nos balanços dos bancos quanto aos investimentos em segurança.


Em razão dos avanços conquistados com o projeto-piloto de segurança bancária conquistado na Campanha 2012 e implantado em Pernambuco, os bancários agora querem incluir na CCT as medidas testadas e aprovadas no projeto-piloto. Os negociadores da Fenaban disseram que levarão a reivindicação para apreciação dos bancos.


O Comando enfatizou a necessidade de prevenção contra sequestros diante do alto número de casos em todo o País e cobraram também o fim das demissões e a concessão de estabilidade no emprego para as vítimas de assaltos e sequestros por 36 meses. Além de mais equipamentos e medidas de prevenção, o Comando defendeu mais assistência às vítimas de assaltos, sequestros e extorsões e um adicional de 30% de risco de morte. Os bancos não aceitaram as reivindicações apresentadas pelo Comando, frustrando a expectativa dos bancários.