Além de reduzir progressivamente a remuneração de seus trabalhadores com alto índice de rotatividade, os bancos estão reforçando a discriminação contra as mulheres pagando às bancárias que estão sendo contratadas salários inferiores aos dos homens. É o que mostra a pesquisa sobre emprego e desemprego que a Contraf-CUT e o Dieese divulgaram no dia 16/6, com base nos dados que as instituições financeiras fornecem ao Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.
O salário médio das mulheres contratadas pelos bancos no primeiro trimestre de 2009 foi de R$ 1.535,34, enquanto a remuneração média dos homens admitidos no mesmo período chegou a R$ 2.022,56 – uma diferença de 24,09% em prejuízo das bancárias. Além disso houve uma redução de 11,2% no salário médio das mulheres contratadas este ano em relação ao primeiro trimestre de 2008, quando esse valor foi de R$ 1.729,37.
UMA LONGA LUTA CONTRA A DISCRIMINAÇÃO – Desde 1996,as entidades sindicais exigem que o tema igualdade de oportunidades seja discutido na mesa de negociações com os bancos, visando acabar com todo tipo de discriminação e de exclusão nos locais de trabalho, mas os bancos se recusavam, negando que houvesse discriminação por parte deles.
A discriminação contra mulheres e negros foi constatada por uma pesquisa feita em 2001, pela então Confederação Nacional dos Bancários (CNB-CUT, antecessora da Contraf-CUT) e pelo Dieese, que resultou na publicação “Os rostos dos bancários – Mapa de gênero e raça do setor bancário brasileiro”.
Depois de muita pressão da Contraf-CUT e dos sindicatos, em 2002 finalmente foi incluída na Convenção Coletiva dos Bancários uma cláusula criando uma mesa temática específica para discutir a igualdade de oportunidades. Nas discussões, porém, as instituições financeiras continuaram negando – o que fazem até hoje – a existência de preconceito e discriminação.
MAPA DA DIVERSIDADE – Dando encaminhamento a denúncias da Contraf e dos sindicatos, o Ministério Público do Trabalho (MPT) constatou haver discriminação e autuou os bancos em 2006, primeiro em Brasília e depois em outras capitais. Como resultado dessa pressão, a Fenaban acabou aceitando que fosse constituído um grupo de técnico para discutir o assunto, com participação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Instituto de Pesquisas Aplicadas (Ipea), MPT e Contraf-CUT.