A relação do consumidor com o gerente de banco é como um casamento: requer conhecimento prévio do “parceiro” e completa lealdade de ambas as partes. A comparação é feita pelo economista Humberto Veiga, autor de um livro sobre tarifas bancárias, especialista em direito e regulação bancária e defesa do consumidor.
Para Veiga, o equilíbrio dessa relação tem sido ameaçado. Ele diz que os bancos agem de forma desleal com seus clientes ao oferecer para eles produtos que nem sempre são adequados ao seu perfil, por exemplo. A falta de concorrência e de mais punições para as instituições acaba estimulando essas práticas. “Como você não tem muito para onde correr, acaba aceitando determinadas coisas”, diz.
No livro “Case com seu banco com separação de bens – Como não pagar tarifas e negociar empréstimos e financiamentos” (Editora Saraiva), Veiga dá dicas que podem tornar essa relação mais igualitária. “É preciso saber o que o banco pode dar para você, ter informação e consciência do conflito de interesses”, sugere.
“O mais complicado é o conflito de interesses entre o banco e o consumidor. Apesar de as pessoas terem conhecimento disso, elas deixam se levar por conta do relacionamento que têm com o gerente”, diz o autor.
Veiga ressalta ainda que as resoluções e normas que têm sido criadas pelos órgãos reguladores, o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central, são uma novidade do ponto de vista regulatório. “O Conselho Monetário Nacional só reagiu depois de muita provocação. O Banco Central negava a aplicação do Código de Defesa do Consumidor para os bancos até o Supremo Tribunal Federal se pronunciar. [O STF decidiu que o CDC deve ser aplicado aos serviços bancários em 2006]”, lembra.