BANCOS UTILIZAM PDV’S PARA JUSTIFICAR DEMISSÕES

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Carlos Eduardo, presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará


No primeiro semestre de 2019, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), os bancos fecharam 2.057 postos de trabalho no país. De 2013 pra cá, houve uma redução de 62,7 mil postos para a categoria bancária, sendo que 43,4 mil postos foram fechados a partir de 2016. Dados da Pesquisa de Emprego Bancário, elaborada pelo Dieese, mostram que, neste período, raras vezes o saldo de postos de trabalho foi positivo.


A categoria está encolhendo na mesma proporção do aumento dos investimentos em tecnologia feito pelos bancos, assim como da alta dos lucros. Quando são lançados os Planos de Demissões Voluntárias (PDVs) há uma drástica redução de postos de trabalho. Se observarmos bem, são demissões em massa disfarçadas. E, nos bancos públicos são resultado de uma política dos governos Temer e Bolsonaro que, na verdade, querem enfraquecer essas instituições e prepará-las para a privatização.


No final de 2016, 9.409 funcionários aderiram ao plano de demissão voluntária do Banco do Brasil. No último trimestre daquele ano, o banco fechou 8.537 vagas e jogou o saldo do emprego bancário em dezembro daquele ano para quase 10 mil postos de trabalho a menos, o pior resultado mensal já registrado para um mês desde o início da Pesquisa de Emprego Bancário, em 2010. Na Caixa, por conta dos Programas de Preparação para a Aposentadoria (PPA) e dos Programas de Desligamentos Voluntários (PDV), de 2015 a 2018, o banco fechou 14.369 postos de trabalho. Em março de 2017, o banco fechou 3.039 postos de trabalho. Em agosto do mesmo ano foram fechadas 2.302 vagas.


Mas, não são apenas os bancos públicos que se utilizam dos PDVs para fechar postos de trabalho. Em julho de 2017, o Bradesco lançou um PDV, que se encerrou em setembro daquele ano. O saldo foi o fechamento de 7.400 postos de trabalho no banco. No final de julho, no mesmo dia em que anunciou um lucro líquido de R$ 13,9 bilhões no 1º semestre, o Itaú lançou um PDV, com a meta de adesão de 6.900 bancários. Sem contar que, nos últimos 12 meses o banco já fechou 983 postos de trabalho.


A Caixa está engatando mais um PDV. O banco chegou a lançar o plano, depois cancelou e, em seguida, apenas adiou seu lançamento. Quando o plano foi lançado, o objetivo era reduzir até 3,5 mil empregados que trabalham na matriz e em escritórios regionais do banco. O Banco do Brasil anunciou que serão extintos 2,3 mil postos de trabalho (dotações), em comissão ou não. Para aderir ao PAQ, o bancário deve estar em uma unidade e praça considerada com excesso.


Com a redução do pessoal, aumenta a sobrecarga de trabalho, a pressão pelo cumprimento de metas e, consequentemente, o adoecimento. Não podemos admitir que uma medida de gestão dos bancos venha a prejudicar os trabalhadores que permanecem nessas empresas. Vamos cobrar mais contratações, o fim do assédio e das metas abusivas.