Brasil tem o maior spread bancário do mundo

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O spread bancário no Brasil é o mais alto do mundo, o que provoca atritos entre o sistema financeiro e governos há anos. Spread é a diferença entre as taxas que os bancos pagam ao captar dinheiro no mercado e o juro que cobram nos empréstimos.


Essa nova onda de pressão de autoridades de Brasília sobre as instituições, como relatou o Estado em sua edição de domingo, tem como pano de fundo a redução dos depósitos compulsórios, dinheiro que os bancos devem deixar parado no Banco Central (BC), estimado atualmente em R$ 270 bilhões.


Para aliviar os efeitos da crise no País, o governo liberou, ao longo dos últimos dois meses, aproximadamente R$ 97 bilhões, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Apesar disso, o spread bancário médio subiu de 26,4 pontos porcentuais em setembro para 28,4 pontos em outubro.


”Não se pode aumentar ainda mais o custo para as empresas brasileiras em um momento difícil como este”, queixa-se o diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), José Ricardo Roriz Coelho. “O spread no Brasil é sete vezes maior que o de outros países. É impraticável.”


Anualmente, a Fiesp faz um ranking de competitividade, conhecido como IC. Um dos itens que o compõem é justamente o spread bancário. No estudo deste ano, a entidade usou dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) relativos a 2007. Os números mostram que o Brasil liderava o levantamento, com spread médio de 25,3 pontos porcentuais. Em um distante segundo lugar estava a Colômbia, com 7,4 pontos, seguida pela França, com 7 pontos.


Um estudo do próprio Banco Central revelou que o spread brasileiro é composto por vários itens: custo administrativo (13,5% do total), inadimplência (37,35%), compulsório (3,59%), tributos (8,09%), outros impostos (10,53%) e margem líquida dos bancos (26,93%). Em outras palavras, dos 28,4 pontos do spread em outubro, a margem (lucro) das instituições era de 7,65 pontos porcentuais.