Caixa frustra bancários ao não trazer soluções para jornada, Sipon e segurança

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O Comando Nacional os Bancários, coordenado pela Contraf-CUT e assessorado pela Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa), realizou dia 23/8, com a direção da Caixa Econômica Federal, em Brasília, a terceira rodada de negociação da pauta específica da Campanha Nacional 2012. No entanto, apesar das cobranças das entidades, o banco não apresentou qualquer contraproposta para solucionar pendências em relação à jornada, Sistema de Ponto Eletrônico (Sipon) e segurança bancária.


A Caixa limitou-se a afirmar, após o fim da terceira rodada, que irá esperar os resultados da negociação com a Fenaban marcada para o dia 28/8, Dia do Bancário, em São Paulo, para só depois apresentar uma proposta global aos trabalhadores da empresa. Diante disso, o resultado desta negociação foi frustrante, sobretudo por não registrar nenhum avanço.


Jornada de trabalho e Sipon – Reivindicação recorrente, o respeito à jornada de seis horas para todos os empregados, inclusive os de nível gerencial e carreiras profissionais, e sem redução salarial, abriu o bloco de debates sobre jornada de trabalho e Sipon. A demanda foi mais uma vez negada pela Caixa, sob a alegação de que a empresa opera basicamente com duas jornadas: uma de seis horas e outra de oito para cargos comissionados e de carreiras profissionais.


Para resolver situações esdrúxulas, o Comando Nacional propôs na mesa de negociação, entre outras medidas, a adoção de “login único” para acesso aos sistemas corporativos, o fim do banco de horas ou a extinção do registro de horas negativas no Sipon (não previsto no acordo coletivo) e o pagamento de todas as horas extras, acrescidas de 100% das horas normais. Também foi reivindicada a adoção da “areg inteligente”, de modo a permitir que o batimento do ponto de saída ocorra apenas a partir do horário de fechamento do último sistema acessado no dia em que o ponto ficar em aberto.


Não houve avanço ainda para o item da proibição de trabalho aos sábados, domingos e feriados, exceto quando se tratar de situações em que a Caixa fica obrigada ao pagamento das horas trabalhadas com acréscimo de 100%, mais tíquete-alimentação e transporte a todos os trabalhadores envolvidos.


Sobre o “login único”, a Caixa informou que o sistema está sendo revisto. A previsão é de que a medida seja implantada a partir do início do ano de 2013. A empresa esclareceu ainda que o bloqueio de acesso motivado por falta de homologação do gestor ou decorrente de hora extra não acordado não se constitui mais em problema, por já ter sido resolvido. Para a reivindicação de o ponto ser batido independentemente de qualquer restrição, os negociadores da Caixa ficaram de verificar como isto poderá ser feito. Foi solicitada que seja estendida aos gestores de todo o País a marcação de ponto.


Universidade Caixa – O Comando reivindicou a realização dos cursos da Universidade Caixa dentro da jornada de trabalho, obrigatoriamente, cabendo ainda à empresa disponibilizar locais e equipamentos adequados, sem abrir mão de planejamento, de forma a assegurar a igualdade a todos os trabalhadores. A Caixa, porém, não dispõe de informações detalhadas sobre o quantitativo de empregados que fizeram os cursos da UCC até agora.


Segurança bancária – O banco se recusou a atender a proposta de criação de estruturas de segurança em todos os estados, compatíveis com as demandas locais e de modo a impedir a existência de regiões desprotegidas, como ocorre hoje. A alegação é que o atual modelo de segurança, formado por nove filiais e por 84 consultores espalhados pelas Superintendências Regionais, é suficiente para as necessidades da empresa. A expansão está descartada, portanto, mas a Caixa pensa em investir em outras modalidades de segurança.


O Comando cobrou a imediata instalação de biombos e divisórias nos guichês de caixa e penhor, separando os clientes durante o atendimento, nos moldes da lei municipal existente na cidade de Jundiaí (SP). A retomada da implantação do modelo “Agência Segura” também foi reivindicada. Nesse quesito, a Caixa limitou-se a dizer que esse projeto não está paralisado, mas o Comando lembrou aos representantes da empresa que nada de concreto está sendo viabilizado pelo País. Diante dessas cobranças, a Caixa assumiu o compromisso de discutir melhor essa questão com as áreas pertinentes.


A Caixa se negou ainda a atender reivindicações como a que prevê a instalação de portas de segurança com detectores de metais na entrada das unidades, antes das salas de autoatendimento. A empresa também alega dificuldades em proibir o atendimento prévio na parte externa das unidades, argumentando para isso que precisa discutir melhor o assunto internamente.


Outro item que a Caixa considera complicado de atender é o da não-responsabilização civil dos empregados em caso de fraudes ou golpes de terceiros contra o banco. Os representantes dos bancários esclareceram que não se trata de inocentar o empregado por princípio, mas sim de não imputá-lo responsabilidade civil, como vem ocorrendo com frequência.


Também foi negada a isenção de tarifas para TED e DOC nos casos de saques do FGTS, precatórios e alvarás judiciais, sob a alegação de que essa cobrança é da responsabilidade exclusiva do Banco Central. A cobrança de tarifas para as operações de transferências, segundo a empresa, é feita apenas entre bancos distintos e não entre agências de uma mesma instituição.


Avaliação – O Comando Nacional avalia que a ausência de proposta decente para o desfecho das negociações específicas da Campanha Nacional 2012 deve ser respondida com mobilização. Isto é visto como fundamental para que sejam atendidas as expectativas dos trabalhadores, tanto em relação às suas reivindicações específicas como em relação aos itens gerais tratados na mesa da Fenaban.