Campanha do Dia Mundial sem Tabaco: respeite a sua saúde e a saúde do planeta

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O tabagismo é responsável por aproximadamente 50 doenças. Nos países em desenvolvimento, o desmatamento devido ao plantio e secagem das folhas do tabaco corresponde a 5% do total. Para cada 300 cigarros produzidos, uma árvore é sacrificada.


No dia 31 de maio, comemorou-se o Dia Mundial sem Tabaco para lembrar às pessoas os problemas causados pelo fumo. No Brasil, o alerta está voltado não somente para os prejuízos à saúde, mas também para o meio ambiente. “Fumar: faz mal pra você, faz mal pro planeta”. A data foi criada em 1987 pela Organização Mundial de Saúde (OMS).


Desde o início da última semana, atividades de conscientização foram realizadas em todo o País. Na quinta-feira, em Brasília, as manifestações se concentraram no Espaço Mário Covas (Câmara dos Deputados), com ações como a medição de carbono com monoxímetro, prevenção do câncer bucal, medição da pressão ocular com orientações sobre o uso e limpeza das lentes dos óculos.


Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o tabagismo é considerado pela OMS a principal causa de morte evitável em todo o mundo. A Organização estima que um terço da população mundial adulta, isto é, 1 bilhão e 200 milhões de pessoas (entre as quais 200 milhões de mulheres), sejam fumantes.


O uso do tabaco provoca 4,9 milhões de mortes anuais, o que corresponde a mais de 10 mil mortes por dia. No Brasil, é responsável por 200 mil mortes por ano (23 pessoas por hora). O tabagismo provoca também 90% dos casos de câncer no pulmão (entre os 10% restantes, 1/3 é de fumantes passivos). A presença de cerca de 4.720 substâncias presentes na fumaça dos derivados do tabaco, faz com que o tabagismo seja responsável por aproximadamente 50 doenças, como doenças vasculares, angina e infarto do miocárdio e vários tipos de câncer.


Danos causados ao meio ambiente e ao homem – Para as ações deste ano, a OMS escolheu o tema “A Interferência da Indústria do Tabaco”. O Brasil adaptou a abordagem para o contexto nacional, enfocando os danos causados ao longo da cadeia de produção do tabaco ao meio ambiente e à saúde da população, como o uso agrotóxicos que agridem ecossistemas e fumicultores, desmatamento, trabalho adolescente e infantil, danos à saúde da população, como a dependência química à nicotina e o fumo passivo e, por consequência, o aumento do risco para o desenvolvimento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs), como Acidente Vascular Encefálico, infarto e diversos tipos de câncer. Daí, a escolha do tema nacional: “Fumar: faz mal pra você, faz mal pro planeta”.


Nos países em desenvolvimento, o desmatamento devido ao plantio e secagem das folhas do tabaco corresponde a 5% do total. Para cada 300 cigarros produzidos, uma árvore é sacrificada. O fumante de um maço de cigarros por dia consome duas árvores em um mês. Ainda que as zonas desmatadas sejam reflorestadas, não são refeitas as condições naturais quanto à flora e à fauna da mata virgem. O desmatamento está associado ainda a surtos de doenças infecciosas, e à erosão e destruição do solo.

Orientações – No portal do Inca (www.inca.gov.br) os fumantes encontram orientações para deixar de fumar. Os especialistas recomendam que, ao decidir largar o fumo, é importante aliar essa decisão com nova rotina de vida, investindo na prática de exercícios físicos e cuidados com alimentação.

Brasil gasta R$ 21 bi com tratamento de doenças relacionadas ao tabaco


O Brasil gastou no ano passado R$ 21 bilhões no tratamento de pacientes com doenças relacionadas ao cigarro, revela estudo inédito financiado pela Aliança de Controle do Tabagismo (ACT). O valor equivale a 30% do orçamento do Ministério da Saúde em 2011 e é 3,5 vezes maior do que a Receita Federal arrecadou com produtos derivados ao tabaco no mesmo período.


A divulgação foi feita na véspera do Dia Mundial sem Cigarro, criado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O estudo demonstra ainda que o tabagismo é responsável por 13% das mortes no País. São 130 mil óbitos anuais (350 por dia). Os resultados são fruto da análise de dados de 15 doenças relacionadas ao cigarro. Quatro delas – cardíacas, pulmonar obstrutiva crônica, câncer de pulmão e acidente vascular cerebral – responderam por 83% dos gastos.


Os custos, segundo uma das coordenadoras do estudo, a economista da Fundação Oswaldo Cruz, Márcia Teixeira Pinto, são referentes às despesas tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto na saúde suplementar. “Há tempos buscamos números que indiquem o impacto do tabagismo na economia do País”, diz a diretora executiva da ACT, Paula Johns. Um dos argumentos da indústria do fumo para frear medidas de prevenção é a alta arrecadação de impostos, além da alta quantidade de empregos concentrada na atividade.


No debate mais recente, feito durante a discussão da resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para proibição de aditivos ao cigarro, a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) apontou que em 2010 a indústria recolheu R$ 9,3 bilhões de tributos e gerou receita de R$ 4,1 bilhões. “Não concordamos com o número apresentado por eles de arrecadação. Mesmo assim, é mais do que a metade do gasto com doenças”, afirma Paula.


Segundo ela, os números mostram que ainda há muito o que ser feito no combate ao tabagismo. Entre reivindicações está a regulamentação da lei que proíbe fumo em locais públicos fechados e a da proibição de propaganda nos locais de venda.


Em 2005, a pesquisadora Márcia Pinto já havia feito um estudo mostrando que os gastos com o tratamento de doenças eram de R$ 338 milhões. “A metodologia era diferente”. Ela lembra que foram avaliados gastos apenas no setor público do Rio. Paula diz que não se espantou com resultados. A estimativa é de que a cada US$ 1 arrecadado com impostos de cigarro sejam gastos US$ 3 no tratamento.

Diferenças – Márcia, que conduziu o trabalho com André Riviere, do Instituto de Efectividad Clinica y Sanitaria, da Argentina, afirma que fumantes no Brasil vivem pelo menos cinco anos a menos do que os não fumantes. Mulheres dependentes do cigarro têm, em média, 4,5 anos a menos de vida do que as não fumantes e 1,32 a menos do que as ex-fumantes. Entre homens, a perda é de 5,03 anos em relação ao tempo médio de vida dos não fumantes e de 2,05 dos ex-fumantes.