A boa notícia foi também o tema da campanha iniciada no dia 4/2, Dia Mundial do Câncer, por 300 organizações de mais de 100 países que integram a União Internacional Contra o Câncer (UICC). A data foi um momento de reflexão e conscientização sobre a doença, que todo ano mata mais de 7 milhões de pessoas no mundo. Nos últimos anos, diversas pesquisas têm confirmado que 40% dos casos são potencialmente preveníveis. Infecções virais e bacterianas, como HPV e hepatite B, respondem por metade desses casos. Os outros 20% são causados pelo tabaco, álcool, exposição excessiva ao sol, alimentação inadequada e excesso de peso.
Segundo David Hill, presidente da UICC, tumores causados por infecções podem ser prevenidos por meio de vacinação. É o caso do HPV, um grupo de vírus dos quais alguns tipos podem causar lesões que levam ao câncer do colo do útero, e do agente causador da Hepatite B, que pode provocar câncer de fígado. Apesar da existência dessas medidas preventivas, há uma clara disparidade entre países ricos e pobres quanto ao acesso a programas de prevenção e também ao tratamento. Em todo o mundo, 80% das mortes por câncer do colo do útero, muitas vezes causadas pelo HPV, ocorrem em países em desenvolvimento. E mesmo onde a tecnologia está disponível, há grandes desafios, como a falta de conscientização sobre a doença e de infraestruturas de saúde pública, ilustradas pelas diferenças significativas na cobertura de programas mundiais de vacinação contra hepatite B.
A obesidade é outro fator que pode ser combatido. Dos 12 mil novos casos de câncer que aparecem todo ano, entre 3 milhões e 4 milhões poderiam ser evitados se as pessoas não estivessem tão acima do peso. Embora a evidência da gordura desencadeando tumores esteja baseada em estudos com adultos, os hábitos saudáveis começam a ser adquiridos nos primeiros anos de vida. Por isso, a UICC está começando hoje uma campanha para incentivar pais, professores e profissionais de saúde a incentivar a alimentação saudável e a atividade física entre as crianças. E recomenda que as autoridades realizem programas que as encorajem a escolher alimentos mais saudáveis, como frutas, verduras, legumes e cereais integrais, e a praticar exercícios físicos com regularidade. As estimativas dão conta de que 22 milhões de crianças menores de 5 anos tenham sobrepeso, número que deverá aumentar.
Uma pesquisa realizada pela entidade em 2008, ouvindo mais de 40 mil pessoas em 39 países, mostra que a maioria desconhece que seu estilo de vida pode aumentar ou reduzir o risco de câncer. Entre os entrevistados em todo o continente americano, na Ásia e Nova Zelândia, 40% não sabem que o excesso de peso faz parte da lista dos agentes cancerígenos.
No Brasil, para marcar a data, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) está lançando a publicação Políticas e Ações para a Prevenção do Câncer no Brasil, Alimentação, Nutrição e Atividade Física. O documento, que é um resumo das recomendações do Relatório de Alimentação e Câncer do Fundo Mundial de Pesquisa Contra o Câncer, demonstra o impacto do estilo de vida – alimentação, atividade física e obesidade – sobre 12 tipos de câncer comuns entre a população brasileira.
Mais informações: www.inca.gov.br