Carros fortes e agências do Interior são alvos preferidos dos assaltantes

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Ataques a carros fortes, “saidinhas” bancárias, arrombamento de agências, assalto à mão armada, seqüestro de gerentes e seus familiares. Infelizmente, essas várias ações criminosas têm se tornado freqüentes contra bancários e clientes, tanto em Fortaleza como no Interior do Estado.


O caso mais recente aconteceu dia 11/1, em Potengi (532 km de Fortaleza), quando um grupo de assaltantes, durante roubo à agência do Banco do Brasil do município, rompeu uma barreira da Polícia à bala. A ação resultou na morte de um policial militar e de um dos assaltantes. A quadrilha levou dois malotes de dinheiro, o valor não foi divulgado.


Antes disso, no dia 3/1, um grupo de bandidos atacou um carro com malotes da agência do Bradesco de Abaiara (Cariri), levando um total de R$ 30 mil. De acordo com o diretor do Sindicato, Gabriel Motta, o Bradesco não instrui os seus funcionários a transportar valores, mas não dá as mínimas condições para que isso seja feito com segurança. “O bancário se vê obrigado a, em determinadas situações, transportar valores, guardar chaves de cofres, entre outras condutas de alto risco”, revela ele. No mesmo dia, em Fortaleza, quatro homens armados levaram cerca de R$ 400 mil de um carro-forte que abastecia o posto do BB no Hospital das Clínicas. No dia 7, em Guaraciaba do Norte, dois homens em uma motocicleta, armados com pistolas, atacaram uma agência bancária e levaram todo o dinheiro. O valor roubado também não foi revelado.


Esses são exemplos de ações praticadas somente este ano, que ainda está entrando na segunda quinzena do mês de janeiro. As quadrilhas de assaltantes de bancos tem as agências do interior do Estado como alvos favoritos, em especial as unidades do Banco do Brasil e Bradesco. Em 2007 houve casos de assaltos a agências de Mauriti (21/12), Guaiúba (12/11), São Gonçalo do Amarante (16/11), Pentecoste (23/11), Jaguaretama (27/11), Pedra Branca (11/12) e Pacajus (20/12). Todas com requintes de violência. “Essas ações tão violentas se dão, principalmente, pela facilidade que as quadrilhas encontram em invadir uma agência bancária. Os vidros não são blindados e os bancários ficam fragilizados diante de um plano de segurança ineficiente e isso é responsabilidade do banco. No entanto, também é necessária uma política de segurança pública mais efetiva para barrar essa onda de assaltos”, alerta o diretor do Sindicato, Carlos Eduardo.


A luta do Sindicato dos Bancários de Ceará é para mudar esta situação o quanto antes. A cobrança também é para que os bancos invistam em segurança. Durante todo o ano, o Sindicato cobrou das instituições financeiras que apliquem parte dos lucros astronômicos – o setor foi o mais lucrativo do País, superando a área petrolífera – para garantir a vida de bancários, vigilantes e clientes dos bancos.

AÇÕES DE ASSALTANTES DE BANCOS EM 2007

5/5 – Policiais militares prendem dois integrantes da quadrilha que tentou assaltar a agência do Banco do Brasil, em Monsenhor Tabosa, quando um vigilante foi morto. Um dos assaltantes já responderia por cinco homicídios.

27/11 – Oito homens assaltam a agência do BB, em Jaguaretama. Quadrilha usa armas de grosso calibre e efetua disparos. Quatro suspeitos são presos.

4/12 – Quatro homens assaltam o Banco Popular, subsidiário do BB, em Juazeiro do Norte. Eles agem com violência e levam cerca de R$ 16 mil. A agência já havia sido roubada outras três vezes.

11/12 – Assaltantes mantêm familiares e vizinhos de gerente do Bradesco sob cárcere privado, em Pedra Branca, e o obrigam a entregar todo o dinheiro da agência.

16/11 – Quatro homens armados com pistolas e escopetas assaltaram o BB de São Gonçalo do Amarante levando todo o dinheiro que havia na bateria de caixas, além das armas dos dois vigilantes.

24/11 – Quatro homens, armados com pistolas de calibre Ponto 40 – de uso exclusivo da Polícia – invadiram a agência do BB de Pentecoste e se apoderaram de todo o dinheiro da bateria de caixas e tesouraria. O valor não foi divulgado. Na fuga, os assaltantes ainda atiraram contra a Polícia ferindo um policial.

20/12 – Oito homens invadem a agência do BB, em Pacajus, e levam o dinheiro do cofre, que estava aberto no momento do assalto. Um gerente chegou a ser levado como refém.

21/12 – Quatro homens assaltaram a agência do BB, em Mauriti. Eles renderam os vigilantes e funcionários no final do expediente e levaram dinheiro, coletes a prova de bala e armas. O grupo fugiu em direção à Paraíba.

“Os bancos parecem não se importar com a realidade dos fatos, pois o número de assaltos, traumas e violência contra os bancários e clientes vem aumentando a cada ano. No Brasil, a cada mês morre um bancário, dados da Contraf-CUT. Os bancos tem mais prejuízo com golpes do que com assaltos a mão armada, deve ser por isso que eles desprezam a vida dos seus empregados e dos seus clientes. Alguns terceirizam serviços, abrem postos e se associam através de correspondentes bancários sem nenhuma segurança, ou melhor, por uma ‘economia de palito’ em algumas agências, não querem nem manter segurança armada a partir de determinados horários. Vejam a contradição, o maior banco da América Latina (Bradesco) tem o menor número de agências com portas de segurança, usando o paredão humano como escudo e contando com a proteção divina, entregando bancários e clientes a própria sorte, o que é um verdadeiro absurdo!”
Gabriel Motta, funcionário do Bradesco e diretor do SEEB/CE

“No Banco do Brasil esses assaltos são resultados da ação do crime organizado, de uma falta de política de segurança pública mais ofensiva e da falta de investimento no setor de segurança do BB. O Sindicato tem feito seu papel acompanhando a emissão de CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), procurando os órgãos de segurança pública e negociando não só com a direção do banco, mas com o sistema financeiro (Fenaban). Existe uma Comissão de Segurança que debate, em âmbito nacional, os planos de segurança dos bancos, transporte de numerários, o fato das chaves de cofres não ficarem com os bancários entre outras questões. O sistema financeiro tem dinheiro, mas não investe na segurança de bancários e clientes, tornando-se assim co-responsável pela tormenta a que ficam subjugados os funcionários, principalmente no interior do Estado”.
Carlos Eduardo, funcionário do Banco do Brasil e diretor do SEEB/CE