CEM DIAS DO “DESGOVERNO” BOLSONARO

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No último dia 10 de abril, o “desgoverno” de Bolsonaro completou 100 dias: sem projeto para o país, sem rumo definido, sem qualquer política pública para resolver as questões pertinentes aos milhares de brasileiros desempregados, sem saúde ou educação decente. A única tábua de salvação a que esse governo se agarra nesse momento, a PEC da Reforma da Previdência, também não traz qualquer benefício para o povo e não resolve os problemas da população, pelo contrário, só traz prejuízos.


Mas vejamos por partes. O governo iniciou com uma série de declarações controversas, decisões questionáveis, recuos históricos, interferências externas dos filhos do presidente e ataques direcionados nas redes sociais, o que só causou um extremo desgaste político na popularidade do presidente, a pior de todas dos últimos mandatos para esse período do governo (para 30% dos brasileiros, seu governo é ruim ou péssimo). Os cem primeiros dias desse desgoverno têm sido meramente uma continuidade infantil de sua campanha eleitoral, sem a apresentação efetiva de um projeto de governo para o Brasil.


Os únicos projetos efetivamente apresentados são desastrosos: o projeto anticrime – que, na prática, dá licença para a polícia matar e promove o armamento da população (armar para combater a violência? Como assim?) – e a tal PEC da Previdência, que penaliza somente os setores mais carentes da população.


Mas vamos nos deter à reforma da Previdência: a exigência de uma idade mínima e o aumento do tempo mínimo de contribuição fará com que a população brasileira se aposente mais tarde e tenha de contribuir por mais tempo. Na prática, vai impedir que a esmagadora maioria dos trabalhadores (sobretudo, nordestinos, mulheres e rurais) possa se aposentar. O principal objetivo da proposta é beneficiar o mercado financeiro por meio da desconstitucionalização da Previdência e da criação de um sistema de capitalização.


Além disso, o governo Bolsonaro tenta plantar uma ilusão de que a reforma da Previdência vai resolver o déficit fiscal, o que só seria solucionado com uma reforma tributária. Tudo isso, aliado à política do “vende-se tudo”, torna esse início de governo ainda mais desastroso. O governo já anunciou que pretende privatizar o máximo de empresas públicas possível, inclusive de setores estratégicos, comprometendo nosso desenvolvimento e nossa soberania nacional. É a verdadeira política do rentismo.


Diante de tudo isso, não nos resta outra alternativa a não ser resistir. É necessário todo o apoio dos bancários à luta, através da representação do Sindicato no campo jurídico, político e social. Seguiremos juntos nessa luta.


Carlos Eduardo, presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará