CENÁRIO DIFÍCIL PARA TRABALHADORES REFORÇA ESTRATÉGIA ACERTADA DO COMANDO NACIONAL DOS BANCÁRIOS

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Carlos Eduardo, presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará


Na última semana, apareceram na mídia nacional várias matérias enfatizando que menos da metade das negociações salariais de 2019 conquistou aumento real de salários, o que confirma que o cenário não está fácil para a classe trabalhadora com um governo que só pensa em beneficiar àqueles que lhe ajudaram a chegar ao poder.


Um levantamento publicado pelo jornal Valor Econômico, na edição do dia 23 de janeiro, com base numa pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), mostrou que apenas 49,4% das negociações realizadas em 2019 entre patrões e empregados resultou em reajustes de salários com ganho superior à variação da inflação. Só para comparar, em 2018, 75,5% das negociações conquistaram aumento real, segundo levantamento da própria Fipe. E além disso, a entidade prevê que as perspectivas para as negociações salariais em 2020 são pouco animadoras.


O Dieese, por sua vez, também revelou dados semelhantes apontando que 49,9% das negociações conquistaram aumento real no ano passado. No boletim “Cadernos de Negociação”, o Dieese ressalta que “mesmo com inflação baixa, apenas metade dos reajustes resultou em ganhos reais.


Isso reforça ainda mais a estratégia que tivemos no Comando Nacional dos Bancários que, ainda em 2018, firmou a nossa Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), com a Fenaban, garantindo a manutenção dos direitos e o reajuste com aumento real dos salários e de demais cláusulas econômicas em 1%, bem acima da média dos aumentos reais conquistados que, segundo o Dieese, ficaram na média de 0,2%.


Não fosse essa estratégia do Comando Nacional, o aumento real e muitos direitos estariam em risco já em 2019. Entretanto, nesse ano, teremos que manter a mobilização e a união da categoria para obtermos sucesso em nossas negociações.


Ressaltamos ainda que a queda dos salários e de direitos tem a ver com a política econômica extremista e neoliberal adotada pelo governo Bolsonaro, que coloca os interesses do mercado em primeiro lugar. As reformas promovidas pelo governo do golpista Temer e que estão sendo continuadas no governo Bolsonaro estão aproximando, cada vez mais, os trabalhadores da informalidade e da precarização.


O mercado de trabalho formal, que deveria ofertar postos de trabalho com melhor qualidade, é o que o mais vem sendo precarizado nos últimos dois anos. De acordo com o balanço, depois dos últimos três anos em queda, o mercado formal mostrou crescimento na criação de postos de trabalho com carteira assinada em 2019, mas as contratações formais são cada vez mais com salários menores e sob formas precarizantes de contratação. Em função da “reforma” trabalhista, da terceirização e de outras mudanças, como a introdução do trabalho intermitente, o que se vê é um gradativo aumento da precarização do mercado formal.


Por isso, enfatizamos que é cada vez mais necessária a mobilização e união da classe trabalhadora, pois só assim poderemos mudar esse cenário extremamente prejudicial para nós, trabalhadores. É preciso se juntar ao Sindicato, fortalecer as entidades que realmente lutam por você e em defesa dos seus direitos. Além disso, é preciso refletir bem na hora de votar e procurar escolher pessoas que realmente representem os interesses da classe trabalhadora. Nossa vitória é maior quando lutamos juntos e não desistiremos nunca de lutar!