Cerca de 40% da população brasileira não tem conta em banco

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Estima-se que R$ 665 bilhões serão movimentados em 2013 por brasileiros que estão à margem das instituições financeiras. Montante que corresponde ao Produto Interno Bruto (PIB) da Colômbia. Os dados são de pesquisa do Data Popular, divulgada no início do mês de maio pela Folha de S.Paulo. O levantamento aponta que o total de brasileiros adultos que não têm conta em bancos chega a 55 milhões, o que representa 39,5% da população do País nessa faixa etária (18 anos ou mais).


Para o presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, Carlos Eduardo Bezerra, os números são mais uma comprovação de que a implantação de correspondentes bancários no País, que cresce em ritmo vertiginoso, não cumpre a função de aumentar a bancarização. “Os correspondentes não bancarizam a população, na verdade são uma estratégia dos bancos para economizar gastos, inclusive com mão de obra, e precarizar o atendimento à população e o emprego bancário”, avalia.


Dados do Banco Central (BC) mostram que nos últimos cinco anos, o número de correspondentes bancários cresceu 247%, passando de 95.849 em 2007, para 332.263 em 2012.


Distribuição – Os correspondentes bancários foram criados na década de 1970 com o objetivo de possibilitar a cidadãos de municípios e localidades pequenas e distantes dos grandes centros urbanos o acesso a serviços bancários. Mas não foi o que aconteceu. Atualmente, os correspondentes concentram-se justamente nos grandes centros urbanos, onde não há limitação alguma para a prestação de serviços bancários.


Só o estado de São Paulo abriga 28% dos correspondentes. A região Sudeste, a mais industrializada, tem 48% e a Sul, 21%, apesar de cada uma delas ter apenas 30% de sua população fora dos bancos. No Nordeste estão só 19% do total de correspondentes do País, sendo que 53% dos moradores não tem acesso a banco. O Centro-Oeste vai na mesma toada, com 8% dos correspondentes e 31% de não bancarizados. No Norte, a maior discrepância: 8% dos correspondentes do País para metade de locais sem banco.


O principal motivo que leva as pessoas a não ter conta em banco, segundo a pesquisa, é justamente a razão, pelo menos em teoria, da existência dos correpondentes: a dificuldade de acesso à rede bancária. O levantamento faz ainda recortes de gênero e raça: 60% deles são mulheres e 61% são negros (39% não negros). Mostra ainda que 62% estão empregados, ou seja, possuem renda.


Potencial – O valor estimado de recursos que não passarão pelos bancos (R$ 665 bi) também reforça o potencial que o setor financeiro tem para crescer em volume de clientes e de transações de crédito. Em um cenário onde a taxa básica de juros, a Selic, está em queda e os bancos estão tendo de baixar juros e tarifas, as instituições financeiras estão sendo forçadas a apostar no crescimento do volume de crédito.


A pesquisa do Data Popular ouviu 2.006 brasileiros em 53 cidades, entre fevereiro e março deste ano.