COE cobra explicações sobre fluxo de atendimento a afastados por saúde

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Além de sofrer com a doença, na maioria das vezes adquirida no serviço, quem está em licença-saúde ainda passa por médico do trabalho que não tem autonomia para atestar se a pessoa tem ou não condições de voltar. Antes de decidir por dar “inapto”, o profissional é orientado a “discutir com o médico coordenador da empresa cliente”, ou seja, com o Santander, algo que causa constrangimento e, sobretudo, dúvidas a respeito de uma análise médica ética e isenta.


A orientação consta em documento da Micelli Soluções em Saúde Empresarial, empresa contratada pelo Santander (e por outras instituições financeiras) para a realização do serviço. O papel é um prontuário clínico preenchido pelo médico da Micelli no momento da avaliação da possibilidade de retorno ao trabalho. Depoimentos de trabalhadores também comprovam que a prática é recorrente.


Para cobrar explicações do banco, a Comissão de Organização dos Empregados (COE), que representa trabalhadores do Santander de todo o País, reuniu-se com representante do RH e o médico coordenador do PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional), Gustavo Locatelli, do Santander.  A reunião foi positiva porque foi denunciado o grave problema. O banco mostrou interesse em uma solução. Nova reunião de grupo de trabalho formado com objetivo de acompanhar a questão será marcada para a segunda semana de novembro.


Depoimentos – Representantes dos trabalhadores colocaram áudios com depoimentos de bancários que passaram pela situação. Outros casos foram citados como do trabalhador de São Paulo que relata em e-mail dirigido ao Santander não conseguir “parar de chorar”. Afastado por adoecimento psicológico, foi considerado “apto” após a própria médica informar que ele não tinha condições de voltar ao trabalho: “E efetuou uma declaração com recomendações do Santander e também um laudo que me fizeram assinar antes de preencher. E se negou a me dar uma cópia”, conta.


“Hoje a categoria está adoecida. É preciso contratação de mais bancários para reduzir a sobrecarga de trabalho e minimizar os adoecimentos. Quando da realização do exame de retorno ao trabalho é muito importante que o bancário exija do médico a cópia do exame”
Eugênio Silva, diretor do Sindicato e funcionário do Santander