Colorido das festas juninas é um convite à alegria

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Estamos em junho. É tempo de colorir as ruas com bandeirinhas, de acender as fogueiras, de preparar os figurinos, de se deliciar com os mais proibidos quitutes e guloseimas, mas acima de tudo, é tempo de festejar. Afinal, é São João, época em que capitais e interior nordestinos se unem tomados pelo espírito de confraternização e de matutice que só o forró é capaz de embalar. É também período de seguir o ritmo e o sincronismo das quadrilhas levadas pelo arrasta-pé e pelos barulhos dos fogos de artifício.


Há controvérsias sobre a origem das festas juninas. A mais difundida dessas teorias diz que a folia está associada aos rituais de fertilidade promovidos por povos do Hemisfério Norte em época de solstício de verão. Conhecedora da popularidade desses festejos, a Igreja Católica teria adaptado o seu cronograma de celebrações, transformando-os numa homenagem a São João. Inicialmente chamadas de “Joaninas”, em referência ao santo, as festas passaram, com o tempo, a ser conhecidas como “juninas”, devido ao mês em que são organizadas.


Trazida para o Brasil pelos portugueses durante o período colonial, a “brincadeira” foi ganhando características particulares ao longo dos séculos. As influências francesas e chinesas, como a dança marcada e a utilização de fogos, permaneceram, mas diversos contornos locais foram acrescentados, particularmente da região Nordeste. As comidas típicas, o ritmo e o linguajar matuto são algumas das incorporações mais marcantes dessa cultura às festas de São João.


Homenageando também São Pedro e Santo Antônio, este período, no entanto, não é só de folia para os nordestinos. Representa ainda um importante momento de efervescência econômica para as cidades, já que turistas de todos os cantos do País visitam a região e aquecem o mercado local. Neste quesito, a paraibana Campina Grande e a pernambucana Caruaru disputam acirradamente o posto de “Maior São João do Mundo”. Juntos, os municípios reúnem cerca de três milhões de pessoas durante os mais de trinta dias ininterruptos de festa.

CULINÁRIA – São João é tempo de esquecer as privações gastronômicas para saborear a diversidade do cardápio junino. A extensa lista de guloseimas, reflexo da variedade cultural brasileira, abrange todos os gostos possíveis e possui na popularidade uma de suas características mais marcantes. Tendo o milho como ingrediente principal, esta culinária explora todas as possibilidades de pratos, que vão desde a pipoca, a canjica e a pamonha até o cuscuz e a própria espiga, assada ou cozida.


A segunda matéria-prima de maior aplicação na tradição junina é a macaxeira. A partir dela são produzidas outras célebres receitas desta época: o “pé-de-moleque”, o “bolo de macaxeira” e a “tapioca”. Mas não é só em junho que encontramos esses e outros quitutes disponíveis. A grande procura do público faz a temporada de São João se extender pelo ano e é fácil encontrá-los à venda nos quiosques espalhados pela cidade. Entretanto, para muitos, é apenas ao som da sanfona e ao calor da fogueira que os seus sabores são realçados.