“Nenhum outro gerente foi aos distritos conversar com a população. É uma verdadeira falta de humanidade o Bradesco demitir um gerente como esse”. Foi assim que a comerciante Marta Meire justificou o abaixo-assinado que a população de Pedra Branca (a 261km de Fortaleza) está fazendo pedindo o retorno do gerente do Bradesco, Gotardo Santiago Chagas. A recompensa por tanta dedicação e anos de serviço ao banco e à população foi a demissão.
Em dezembro de 2007, Gotardo, seus familiares e vizinhos foram seqüestrados por uma quadrilha de assaltantes, que o obrigaram a entregar todo o dinheiro da agência em que ele trabalhava. Numa ação ousada e demorada, a quadrilha, composta por cinco homens armados com revólveres e pistolas, mantiveram em cativeiro 14 pessoas.
Mesmo depois desse trauma, Gotardo continuou seu trabalho no banco de forma dedicada. Visitava os comerciantes locais e se esforçava cada vez mais para aumentar a carteira de crédito do banco. “Às vezes a gente passava e via ele lá dentro da agência, trabalhando, até nove, dez horas da noite. Ele era muito atuante, fez um diferencial aqui na cidade”, afirmou o comerciante Marcelo Abreu, que compara: “quando ele chegou aqui foi o mesmo que trocar um fusca por uma hilux”.
Os comerciantes de Pedra Branca, acostumados com o tratamento personalizado oferecido por Gotardo, vão entregar ao prefeito Antonio Góis o abaixo-assinado pedindo a volta do gerente. Recentemente, o prefeito transferiu as contas da Prefeitura para o Bradesco.
Para o diretor do Sindicato e funcionário do Bradesco, Robério Ximenes, a postura do banco foi extremamente cruel. “Um funcionário que sempre se dedicou ao banco, vítima de um assalto com requintes de crueldade e o presente que ele recebe do Bradesco é a demissão. Até hoje, nenhum dos assaltantes foi preso, mas o único punido foi a vítima, o gerente”, afirma.
Já o diretor Eugênio Silva, secretário de Saúde do SEEB/CE, ressalta os abalos psíquicos sofridos pelo gerente e sua família. “Estamos realizando todos os esforços, juntamente com o departamento jurídico do Sindicato, para corrigir esta injustiça praticada pelo Bradesco”, disse.
ENTENDA O CASO
No dia 11 de dezembro de 2007, à noite, uma quadrilha de cinco assaltantes invadiu a casa dos vizinhos de Gotardo, onde ele guardava o carro, e fizeram reféns as duas famílias. Logo em seguida, os assaltantes seqüestraram a família de outro bancário que estava de posse das chaves do cofre da agência.
Como o banco possui sistema de travamento dos cofres, o roubo à agência foi feito durante a manhã seguinte. Com sua família em poder dos ladrões, o gerente Gotardo Santiago Chagas, não teve outra alternativa senão obedecer a ordem dos assaltantes. Por volta de 6 horas, telefonou para o subgerente e os dois foram juntos à agência recolher todo o dinheiro que havia ali.
Depois que receberam o dinheiro (valor não divulgado), os bandidos decidiram libertar os reféns paulatinamente. Os últimos a serem liberados foram dois adolescentes (um deles, filho de Gotardo), deixados numa estrada vicinal na localidade de Serra do Catolé, já no vizinho município de Boa Viagem. A Polícia só foi avisada do assalto depois que todos os 14 reféns estavam livres.
O QUE VOCÊ ACHA DA DEMISSÃO DE GOTARDO SANTIAGO, GERENTE DO BRADESCO?
“Acho uma verdadeira injustiça a demissão do Gotardo. Ele sempre prestou um bom atendimento a todos nós comerciantes e a toda a população de Pedra Branca também. Era um bom funcionário, dedicado ao banco e cumpria seu papel. Queremos a volta dele como forma de fazer justiça a um funcionário exemplar” – Marta Meire
“Sempre recebi por parte do Gotardo um atendimento bom e personalizado. Acho que ele foi muito injustiçado pelo banco. Depois de sofrer com um assalto daqueles, ainda foi demitido. Isso é um absurdo” – Geraldo da Costa Silva
“O Gotardo sempre realizou um bom trabalho no Bradesco. Não entendo porque ele foi demitido, pois todos aqui gostavam dele. Bastava ligar com qualquer problema que ele logo se colocava à disposição para resolver. Eu sou cliente do banco desde o tempo que era BEC e sempre fui muito bem atendido por ele” – Adinor Ferreira de Sousa
SEGURANÇA BANCÁRIA – O QUE DIZ A LEI
A lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983, determina a instalação de equipamentos de segurança e a presença de vigilantes armados nas agências bancárias:
Art. 2º – O sistema de segurança inclui pessoas adequadamente preparadas, assim chamadas vigilantes; alarme capaz de permitir, com segurança, comunicação entre o estabelecimento financeiro e outro da mesma instituição, empresa de vigilância ou órgão policial mais próximo; e, pelo menos, mais um dos seguintes dispositivos:
I – equipamentos elétricos, eletrônicos e de filmagens que possibilitem a identificação dos assaltantes;
II – artefatos que retardem a ação dos criminosos, permitindo sua perseguição, identificação ou captura; e
III – cabina blindada com permanência ininterrupta de vigilante durante o expediente para o público e enquanto houver movimentação de numerário no interior do estabelecimento.
ALERTA AOS BANCÁRIOS
É importante que todos os bancários, independente do banco em que trabalhem, após constatar qualquer problema de saúde inerente à sua atividade, resguardem seus direitos registrando junto ao RH do banco o problema diagnosticado, através de atestado médico ou até solicitando a emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). Em casos de assaltos, que são considerados acidentes de trabalho, é imprescindível a emissão da CAT. Qualquer dúvida, o bancário deve procurar imediatamente o Sindicato: (85) 3252 4266.