Como será o segundo mandato de Lula?

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As duas mais recentes pesquisas eleitorais confirmam uma tendência bastante favorável para as forças democráticas e populares. O presidente Lula consolida o favoritismo na disputa, melhorando sua performance inclusive nas regiões sul-sudeste e nas camadas médias, podendo até vencer a eleição no primeiro turno; já o direitista Geraldo Alckmin, não consegue deslanchar. As pesquisas, porém, não devem gerar um falso clima de euforia e, menos ainda, de arrogância!

Já no ninho tucano, que mais parece um serpentário, as pesquisas tiveram um efeito oposto. Predomina o clima de derrota. Até o lançamento oficial da chapa PSDB-PFL foi adiado. O mentor tucano FHC não esconde mais sua percepção de que Alckmin não tem carisma.

Mas, como já foi dito, “ninguém ganha o jogo antes do apito final”. Vários fatores ainda podem alterar o cenário da disputa. Um dos fantasmas é o de uma nova crise da economia mundial, que poderia ter graves efeitos eleitorais. É certo que o Brasil está “menos vulnerável” às turbulências mundiais. Mas já há vozes, inclusive no governo, defendendo um novo arrocho monetário e fiscal, o que, sem dúvida, arranharia a candidatura Lula.

As especulações correm soltas! Como que já reconhecendo a derrota do bloco PSDB-PFL, o rejeitado FHC prevê o caos político e econômico num segundo governo Lula. O agourento golpista dá a senha aos seus seguidores: radicalizar os ataques na atual campanha para jogar na desestabilização no futuro!

Neste cassino de apostas futuras, a instigante reflexão do intelectual Juarez Guimarães, editor do boletim Periscópio, da Fundação Perseu Abramo, demonstra maior consistência. Para ele, a agressiva campanha de desestabilização deflagrada pela direita em 2005 teve como objetivo derrotar a esperança do povo. “Ela, no entanto, resistiu, fez-se mais rigorosa e crítica e por toda parte agora há sinais de que podemos estar no limiar de um novo ciclo de despertar de energias e de anseios de mudança mais profunda. Assim, se a maioria do povo eleger pela segunda vez Lula à presidência, será criada uma cena histórica propícia a mudanças mais profundas do país”. Na sua avaliação, há quatro razões que justificam esse otimismo:

“O capital financeiro já não dispõe das fortes condições de vulnerabilidade da economia brasileira e nem da tutela institucionalizada do FMI para chantagear o governo. As forças políticas que chegaram pela primeira vez ao governo central do país aprenderam muito nestes quatro anos. Já puderam reconstituir, em um grau importante, instrumentos de gestão estatal que estavam profundamente desmantelados e desorganizados pelos oitos anos de domínio neoliberal. Na América Latina, sopra o vento forte da mudança, ficando para trás os anos de cinza neoliberal. Há agora, a consciência de que nenhuma mudança profunda virá sem o esforço de cada um e dos coletivos dos movimentos sociais. Aprendemos agora que a esperança também não pode ser alienada”.

Altamiro Borges – Jornalista, editor da revista Debate Sindical