Concorrências privilegiam critérios subjetivos e estimulam Q.I.

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Sessenta por cento é o peso das entrevistas no processo de concorrências internas para função comissionada no BNB. Somados aos 20% atribuídos ao item “dinâmica de grupo”, o percentual sobe para 80% e desvirtua totalmente o processo ao privilegiar a subjetividade e relegar aspectos importantes para a aferição de capacidade, tais como: qualidade do trabalho (pontuação 2%), educação profissional (pontuação 4%), formação acadêmica (pontuação 4%), experiência profissional (pontuação 5%) e desempenho/resultados (pontuação 5%).


Os critérios de concorrência para função de superintendente, divulgados recentemente, não demonstram exatamente como uma entrevista pode aferir a capacidade de um candidato, mas ainda assim ter peso uma vez e meia maior que todos os demais fatores de avaliação. A dinâmica de grupo, por seu turno, vale por todos os demais requisitos, menos a entrevista.


O Sindicato dos Bancários do Ceará questiona essa metodologia por entender que privilegia a subjetividade, aspecto bastante criticado pelo funcionalismo cansado do apadrinhamento em voga na Instituição. É inadmissível para o Sindicato que uma dinâmica de grupo tenha peso cinco vezes maior que a formação acadêmica, cuja duração pode compreender um curso de graduação de quatro anos, um curso de especialização de um ano e meio, um curso de mestrado de dois anos e um curso de doutorado de quatro anos.


Para o SEEB/CE, com esses critérios, o processo seletivo de concorrência e avaliação no BNB pode continuar acontecendo na base do Q.I. (Quem Indica), fortalecendo o compadrio e a influência cada vez maior de políticos e partidos na Instituição. O prejuízo desse tipo de práticas em um banco de desenvolvimento é para toda a sociedade, que acaba pagando a conta dos desmandos e da corrupção. O ônus recai também sobre o funcionalismo que vê ruir o sonho de uma carreira profissional baseada na meritocracia.


É o caso de bradar mais uma vez por uma renovação de fato na gestão do BNB, afastando de sua direção os altos mandatários remanescentes da gestão Roberto Smith, acostumados a administrar o BNB como uma empresa particular. O SEEB/CE cobra mais uma vez do Governo Federal a saída desses diretores, antes que contaminem por completo as ideias dos três que assumiram há pouco mais de um ano.