A Contraf-CUT cobrou na segunda-feira, dia 2/1, outro modelo de Banco Postal no primeiro dia em que o Banco do Brasil assumiu a prestação de serviços financeiros nas agências dos Correios, em todo País. O espaço era anteriormente ocupado pelo Bradesco, desde 2002. O Banco Postal é um dos 160 mil correspondentes em todo o território nacional.
“Não somos contra o Banco Postal, mas defendemos outro modelo, bem diferente do que foi implantado pelo Bradesco, que se pautou pela precarização do trabalho, terceirização e insegurança, na lógica do lucro cada vez maior”, afirma o secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr.
“Queremos ver o Banco Postal como fator de inclusão bancária, com serviços exercidos por bancários, com assistência financeira aos clientes, com segurança e com proteção ao sigilo bancário”, explica o dirigente sindical. “O BB, que vive pregando a responsabilidade socioambiental, tem a oportunidade de oferecer um novo modelo com qualidade de atendimento para a população”, aponta.
Inclusão sem precarização – Desde 2001, o Bradesco utilizava o Banco Postal como correspondente bancário, mas o contrato com os Correios acabou no final de 2011. O leilão para escolha do novo usuário dos balcões dos Correios foi realizado em maio do ano passado, e o BB rematou o lance de R$ 2,3 bilhões, valor considerado “alto” pelo mercado, superando Itaú, Bradesco e Caixa Econômica Federal.
A Contraf-CUT não defende o fim dos correspondentes, mas a sua transformação em pequenas agências e postos de atendimento. Aliás, o Bradesco, depois que perdeu o leilão para o BB, abriu mais de 1.000 agências e 799 postos no ano passado, o que prova a viabilidade econômica de instalação de unidades com bancários e segurança. Além disso, os próprios clientes saem perdendo quando não usufruem de um serviço financeiro executado por bancários. “Sem contar que os clientes estão expostos nos correspondentes a riscos por falta de segurança adequada, já que esses estabelecimentos não cumprem a Lei nº 7.102/83 que trata das instituições financeiras”, destaca.
Situação dos clientes – Os clientes que tinham conta aberta pelo Banco Postal continuarão sendo correntistas do Bradesco. Os aposentados e pensionistas do INSS que recebiam o benefício no Banco Postal também continuarão sendo atendidos nas agências e demais postos de atendimento do Bradesco. Os beneficiários do INSS que tiverem dúvidas podem procurar uma agência do Bradesco ou dos Correios, bem como ligar para 135 (Central do INSS) ou 0800 724 8388 (Central do Bradesco).
O cliente que preferir migrar para o BB, deve fazer um cadastro em qualquer agência do banco ou na internet (www.bb.com.br). Após o preenchimento do formulário e da análise dos dados, ele receberá uma correspondência com orientações detalhadas para a migração da conta. Os Correios afirmaram que os interessados em utilizar a estrutura da empresa para operações bancárias agora deverão se tornar correntistas do Banco do Brasil.
Presença – Segundo a imprensa, o Banco Postal cobre 95% do território brasileiro e tem faturamento anual que beira R$ 1 bilhão. Em 2010, o Bradesco teve uma receita de R$ 820 milhões com operações nas agências dos Correios. Essas unidades oferecem serviços bancários básicos, como abertura de contas, saques, depósitos, pagamentos, consulta de saldos e extratos e recebimento de benefícios do INSS. Conforme os Correios, em dez anos de operação, foram abertas no Banco Postal mais de 10 milhões de contas e está presente em 5.266 municípios (6.192 agências). O contrato com o BB é de cinco anos e seis meses, prorrogável por mais cinco anos.