A Contraf-CUT realizou na quinta-feira, dia 8/7, nova rodada de negociação permanente com o Bradesco. A reunião deu continuidade aos debates sobre a construção de um programa de combate ao assédio moral.
Segundo a decisão do último encontro, as partes iniciaram um debate conceitual a respeito do tema. Assim, os trabalhadores contaram com a participação de Plínio Pavão, secretário de Saúde da Contraf-CUT, e da doutora em medicina preventiva pela USP e especialista em psicologia do trabalho pela UFPR, Lis Andréa Soboll, que fez exposição sobre o tema.
Segundo a pesquisadora, o assédio moral é a mais discutida entre as diversas práticas de violência psicológica no trabalho que ocorrem hoje, por conta do modelo de organização das empresas. Trata-se de uma “expressão extrema e grave da violência psicológica no trabalho, caracterizada como um processo repetitivo e prolongado de hostilização”, afirma a especialista no artigo “Organização do trabalhão e a prática do assédio moral: um estudo sobre o trabalho bancário”, publicado no livro Saúde Mental e Trabalho (Ed. Roca). “Esta forma de violência geralmente é acompanhada de agravos na saúde mental e física das pessoas envolvidas, com destaque para as descompensações de ordem psíquicas”, completa.
Os negociadores do banco concordaram com os conceitos apresentados pelos bancários. Na próxima reunião, em data ainda a ser definida, a empresa deverá levar seus especialistas para prosseguir com o debate.
“O assédio moral é um tema importante para os bancários no atual contexto, principalmente por conta do modo de organização do trabalho, com metas abusivas e pressão”, afirma Plínio Pavão, secretário de Saúde da Contraf-CUT. “A discussão com o Bradesco é fundamental para que possamos chegar a um programa de combate a essa prática nociva, como já conseguimos com o Banco do Brasil e a Caixa. Além disso, estamos debatendo a questão na mesa Temática de Saúde do Trabalhador, buscando uma proteção para os bancários de todas as empresas”, completa.
“O ponto mais importante dessa negociação foi o fato de os trabalhadores colocarem o seu ponto de vista sobre o tema de forma clara. Agora vamos todos continuar trabalhando para construir um programa que combata efetivamente a prática do assédio moral dentro do banco”, analisa o diretor do Sindicato dos Bancários do Ceará, Telmo Nunes.