Contraf-CUT repudia prática antissindical e desrespeito a concursados

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Desde o fechamento da campanha nacional da categoria e assinatura da Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários e do acordo aditivo dos funcionários do BB, a empresa vem criando problemas com os trabalhadores e com os milhares de cidadãos brasileiros que se dedicaram, passaram no concurso do banco e agora são enrolados pela direção quando querem começar a trabalhar. As entidades sindicais assinaram os acordos com o BB no dia 4/10. Desde então, o banco quer descumprir o que assinou há tão pouco tempo.


Suspensão de posses – Em flagrante desrespeito aos milhares de cidadãos aprovados no concurso, a empresa suspendeu, através de comunicado interno, a posse de dezenas de aprovados que já haviam recebido a convocação e estavam em processo de qualificação para começar a trabalhar. Muitas dessas pessoas já tinham pedido demissão de empregos anteriores e tiveram prejuízos por uma decisão irresponsável da direção do BB. Ao suspender as contratações, o banco prejudicou também a vida de seus clientes, pois em muitas agências o atendimento está comprometido por falta de funcionários.


Após forte pressão da Contraf-CUT e de suas entidades filiadas, o banco respondeu no dia 15/10 que “as convocações e posses de concursados estão em seu curso normal”. Entretanto, pelo que as entidades sindicais puderam apurar junto aos concursados, o BB só está chamando aqueles que ele mais prejudicou e que já tinham sido convocados. Mas isso não basta. O banco precisa continuar contratando para que os funcionários possam trabalhar em ritmo menos estressante, e os sindicatos continuarão pressionando para que isso aconteça.


“Sugerimos que os concursados procurem os sindicatos para que, juntos, pressionemos o banco para chamar os aprovados, porque a situação nas agências é caótica”, critica William Mendes, secretário de Formação da Contraf-CUT e coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB.


No Ceará existe a confirmação por parte dos concursados de que já há turma confirmada para novembro.


Ameaças – A greve dos bancários demonstrou que os funcionários estão insatisfeitos e querem que o banco atenda suas reivindicações. Em vez disso, o BB vem ameaçando os grevistas com medidas disciplinares caso não compensem as horas de greve.


A Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) prevê a possibilidade de compensação das horas da greve até o dia 15 de dezembro e o não desconto dos dias de greve. Em menos de duas semanas, o BB já extrapolou mais de uma vez os limites legais e contratuais previstos na cláusula 56ª da CCT, na legislação brasileira e nas convenções 98 e 111 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) assinadas pelo Brasil. O banco publicou a Instrução 361, dizendo que quem não compensar as horas poderá ser submetido à “análise sob o aspecto disciplinar”, o que não está previsto no acordo coletivo.


Ditadores – Em vez de incentivar os administradores a negociarem com os funcionários e acertarem de comum acordo a forma e as datas de compensação, utilizando inclusive abonos e folgas na compensação, o BB prefere orientá-los a punir. “A área de RH do banco deveria tratar bem os funcionários e não ameaçá-los. Há muito administrador que discrimina quem luta pelos direitos de todos. A direção do banco parece querer incentivar os pequenos ditadores em vez de incentivar o bom ambiente de trabalho”, avalia Carlos de Souza, vice-presidente da Contraf-CUT.


“A Confederação continuará lutando para que o banco respeite a prática sindical e trate com respeito os grevistas que lutaram por todos. Os sindicatos não vão tolerar discriminações. Qualquer abuso deve ser denunciado aos sindicatos e à Contraf-CUT. As entidades continuarão agindo e pressionando o banco para que ele cumpra o acordo que acabou de assinar”, conclui William Mendes.