Copa do Mundo da Fifa começou em 1930 e Brasil só tinha cariocas

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A partir de 1930, no Uruguai, teve início a disputa da Copa do Mundo, promovida pela FIFA, numa série de quatro em quatro anos, sendo interrompida apenas entre os mundiais de 1938 e 1950, devido à II Grande Guerra (1939 -1945). Na Copa de 1930, o Brasil não foi representado pela sua força máxima. Houve uma crise entre a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), hoje CBF, e a Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA), por contar a Comissão Técnica da Seleção somente com cariocas e nenhum paulista.

Em conseqüência foi improvisada uma delegação composta pela maioria de jogadores cariocas e praticamente não tivemos treinador, ficando a orientação da Seleção entregue a Píndaro de Carvalho Rodrigues, um dos membros da Comissão Técnica. Com apenas dois treinos, a Seleção Brasileira seguiu para o Uruguai, a bordo do “Conte Verde”, no mesmo navio que ia Jules Rimet, presidente da FIFA, levando a taça de ouro a ser disputada.

Na capital uruguaia, os jogadores brasileiros tinham total liberdade, pois não havia concentração, além da existência de rivalidade entre alguns grupos, até denominados de “turma do pó de arroz” (ligados aos dirigentes), os integrantes de famílias ricas e outros de origem pobre. Assim, não era esperada muita coisa do certame. Perdemos na estréia para Iugoslávia. Nessa Copa sagrou-se campeã a Seleção do Uruguai, ficando a Argentina em segundo lugar. O Brasil ficou na sexta colocação.

Na Copa de 1934, na Itália, o Brasil ficou em terceiro lugar. Com a implantação, em 1933, do regime profissional no Rio e em São Paulo, o nosso futebol ficou dividido. De um lado, como amadorismo, a CBD e, de outro, a Federação Brasileira de Futebol (FBF). À esta Federação estavam filiados os grandes times e, óbvio, contava com os melhores jogadores. E isso criou um impasse na organização da Seleção para a Copa da Itália. Com apenas dois treinos, o selecionado brasileiro seguiu para a Itália de navio. Após quinze dias o escrete chegou a Gênova e, conseqüentemente, com o preparo físico e técnico bastante prejudicado. Três dias depois jogou com a Espanha e perdeu de 3 a 1, sendo eliminado do Mundial. Em seguida, a Seleção Brasileira aproveitou para realizar oito amistosos na Europa, com 3 vitórias, 3 empates e somente uma derrota.

Histórias curiosas a cerca das 17 Copas dos Mundo, continuarão a ser contadas aos leitores da Tribuna Bancária nas próximas edições até o final da Copa deste ano, colhidas do acervo do historiador e pesquisador Airton Fontenele, que fez uma análise de todas as Copas já realizadas e a participação da Seleção Brasileira nesses certames. Num balanço sobre as Copas do Mundo em que o Brasil participou, o escritor cearense lembra em seu livro “O Brasil na Rota da Alemanha”, que o Brasil nas 17 Copas (fase final) realizou 87 jogos, obtendo 60 vitórias, 14 empates e 13 derrotas.


Preguinho
O atacante Preguinho entrou para história do futebol brasileiro por ter marcado o primeiro gol do Brasil em Mundiais, na derrota por 2 a 1 para a Iugoslávia, na estréia da Copa do Uruguai de 1930. Ele começou a carreira esportiva na ginástica, atendendo a um pedido do pai, o escritor Coelho Netto. Depois, praticou natação em 1925, sagrou-se campeão carioca, pólo aquático, remo e basquete. No entanto foi no futebol que alcançou as maiores conquistas, quatro vezes campeão carioca: 1924, 36, 37 e 38, todas pelo Fluminense, seu clube do coração.

Nome: João Coelho Netto (Preguinho)
Posição: Atacante
Nascimento: 5/2/1905
Morte: 30/9/1979
Copa: 1930
Jogos pela seleção: 5 (2 não-oficiais)
Gols pela seleção: 9 (5 não-oficiais)
Clube: Fluminense
Títulos: Campeão carioca em 1924, 36,
37 e 38